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Gestos urbanizadores: A cidade como lugar privilegiado na (trans)formação de subjetividades.

Texto publicado em Psicologia.pt  (http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0541.pdf.)

HAILTON YAGIU² 

Resumo

O acompanhamento terapêutico é uma modalidade clinica que ampliando os limites tradicionais dos consultórios psicológicos acontece nos espaços da cidade. E o que interessa ao acompanhante terapêutico são os aspectos simbólicos dela e os processos afetivos que o contato com ela desencadeiam nos pacientes, proporcionando a possibilidade do trabalho com suas subjetividades. Em busca dos aspectos da cidade este texto verifica a dinâmica que as permeia e as crises que lhes afetam atualmente, lista algumas das percepções que dela existem e o que alguns autores de diferentes áreas têm a nos dizer, pesquisa a psicologia do caminhar, busca na psicanálise os mecanismos presentes no processo de subjetivação e como a experiência se inscreve no aparelho psíquico, recorre a algumas características do flanêur para enriquecer o trabalho do acompanhante terapêutico e relata em seu desenrolar algumas de suas funções.

“A memória labiríntica é aquela que nos permite o acesso a cidade subterrânea que há em cada um de nós. Cada um de nós se assemelha mimeticamente à cidade na qual vive. Mas nós só temos acesso a essa cidade, a nossa própria história, através de uma memória involuntária, pois é uma memória não intencional e o inesperado de um detalhe do espaço ou de um acontecimento no tempo que podem transformar inteiramente o acesso a nossa própria historia. Reabrir, por exemplo, o nosso passado.”  (Olgária Matos)

O acompanhamento terapêutico é uma modalidade clínica indicada para pessoas com transtornos mentais graves, complementar às demais formas de tratamento, e que acontece na maioria das vezes nos espaços públicos da cidade, entre os quais podemos citar; as ruas, interiores de shopping centers, cinemas, parques, mercados municipais, acampamentos e praias, mas também em lugares como; a casa dos pacientes, hospitais dia, escolas, clubes e mesmo nos casos de internações psiquiátricas, e que tem entre os seus principais objetivos a produção de subjetividade e a reabilitação psicossocial.

Em sua atividade o acompanhante faz uma conexão singular com os espaços da cidade; sua utilização, o modo de percebê-la e de percorrê-la também são diferentes das feitas pelos transeuntes. O acompanhante concebe a cidade como um lugar onde é possível se criar uma imensa combinação de sentidos, privilegiando assim a construção de significados como guia da representação de mundo e de si mesmo e levando em consideração a cultura na medida em que entende a cidade como cenário da exposição dos bens culturais, seus objetivos também são outros, na maior parte das vezes o acompanhante tem como propósito catalizar processos de transformação dos espaços físicos em lugares subjetivos, traçando novas rotas com seu paciente ambos tecem uma rede de lugares que se conectam e se vinculam, possibilitando outros fluxos pela cidade em uma nova temporalidade.

Ao caminhar pela cidade o par acompanhante-acompanhado está exposto a estímulos dos quais estariam protegidos no interior de um consultório, esta ampliação do setting faz com que as percepções sejam também ampliadas e os espaços ganhem outros contornos e novos aspectos sejam percebidos. Em busca das características da cidade que o acompanhante percorre em sua atividade verificaremos primeiramente a dinâmica que a permeia e as crises que a afetam atualmente, conheceremos outros níveis da realidade averiguando quais são as percepções que dela existem e o que alguns autores tem a nos dizer, então adentraremos o território da psicanálise ferencziana pelos conceitos de introjeção e transferência, pois eles possibilitam a subjetivação ao inscrever a experiência no aparelho psíquico, finalmente nos utilizaremos de algumas características do flaneur que podem aprimorar o trabalho do acompanhante terapêutico no interior da cidade, alguns aspectos do seu trabalho aparecerão no transcorrer do texto.   

A cidade e a crise

Com o crescimento dos serviços oferecidos ao homem observamos cada vez mais; o aumento do desperdício, a degeneração do meio ambiente, da vida material e das relações sociais com todas as suas conseqüências, a cidade deixa aos poucos de ser um lugar de produção e passa a ser cada vez mais um espaço com um forte apelo comercial onde se consome não apenas em seu interior, mas a ela mesma como mercadoria e imagem, o que aponta para o que alguns autores chamam de crise da cidade.   

Não podemos deixar de pensar que este cenário é conseqüência do sistema econômico-social que provocou mudanças profundas nas formas de organização social, as transformações do modo de produção interferiram diretamente nas relações pessoais, e para acelerar o processo de produção a divisão social do trabalho fragmentou o conhecimento do trabalhador e o mesmo aconteceu com sua vida cotidiana, alguns aspectos da vida social também sofrem uma transformação, fazendo desaparecer segundo autores como Walter Benjamin, a perda do sentido da historia, e da noção de experiência. Fazendo tal crítica este autor aponta para algo essencial, o processo de fragmentação do individuo que faz com que este se torne alienado de sua própria ação – a ponto de desconhecer as etapas da produção de seu trabalho[3] - e de sua subjetividade na medida em que não é mais capaz de se reconhecer no que produz, transformando-se em uma peça de uma grande engrenagem e transferindo as qualidades que definem sua subjetividade para os objetos, de sorte que a realidade de sujeito produtor é encoberta pela “subjetividade” emprestada aos produtos. Passamos a ser aquilo que consumimos.

Diante de tais fenômenos o individuo se entrega a uma atitude de conformismo da qual é difícil escapar, parecendo ser envolvido de tal forma no processo de transformação social a ponto de perder a capacidade de compreendê-lo e, com isso, a capacidade de atribuir sentido à própria existência. A condição de constante mudança e a velocidade das relações sociais somadas à ausência ou impossibilidade de representar os espaços como uma totalidade, bem como a percepção da vida urbana ocorrendo neste território fragmentado se tornou hoje uma imagem predominante.

A crise da experiência é também apontada pelo antropólogo Victor Turner, que ao analisar o efeito da Revolução Industrial nas ações simbólicas, afirma que com o surgimento das sociedades industrializadas as esferas do trabalho começam a ganhar cada vez mais autonomia, fazendo surgir de maneira complementar a esfera do lazer que logo passa a se constituir em mais uma fatia de mercado; com isso tradicionais processos de produção simbólica vão dando lugar aos gêneros de entretenimento que surgem, fazendo com que os modos de expressão simbólica se dispersem, e, juntamente com elas, a nossa capacidade de simbolização e subjetivação[4].

A luta pela sobrevivência ligada aos modernos recursos tecnológicos, segundo Sevcenko fragmentou os movimentos coletivos e colocou a experiência do humano numa estranha situação em que a atualidade é caracterizada pela ansiedade. Hoje em dia os rostos ansiosos pelo futuro passam quase sem deixar rastros pelo presente, segundo Deleuze moldando uma experiência dos espaços sem precedentes, como aquele que tem muito a dizer, mas não levam em conta as possibilidades de escuta. Estes espaços irão inscrever na cidade uma geografia estranha nas maneiras de habitar e conviver[5]. A cidade hoje se caracteriza por privar-nos dos modos de viver, e a cultura por não oferecer entre seus dispositivos a possibilidade de integração das diferenças e simbolização das experiências.

Vivemos então uma crise de discrepância entre as idéias de espaço e de apartamento, onde o cenário e toda possibilidade de significação fogem à nossa percepção. Na medida em que o acompanhamento terapêutico caracteriza-se por uma intervenção sobre o desenvolvimento emocional de um ser humano, o acompanhante não pode se eximir de adotar constantemente uma posição crítica e de reflexão em relação a utilização que ele faz dos espaços da cidade, para não correr o risco de estar utilizando-os para reproduzir e reafirmar os mecanismos de dominação, exclusão e apagamento do sujeito.

As percepções da cidade

Existem muitas representações da cidade, podemos dizer que para cada habitante existe uma única e singular. A cidade é uma criação antiga dos homens, existindo desde as mais longínquas civilizações, mas somente com o surgimento do capitalismo aparece a “questão urbana” que coloca ao estado a exigência de normatizar um modo de viver nela, assim ela começa a ganhar crescente importância como objeto de estudo.

Há algum tempo as práticas urbanas têm sido dominadas pela idéia de eficiência, com as questões funcionais predominando sobre os demais valores que constituem o ambiente. A Carta de Atenas [6] recomendou como solução para os problemas das cidades modernas uma ação planejada que daria maior importância à organização e à divisão das funções urbanas em setores como: o habitar, o trabalhar, o recrear e o circular. Partindo de uma concepção de que o homem teria as mesmas funções físico-biológicas em todo o mundo um estilo internacional difundiu-se por toda parte, disseminando como paradigmas a habitação-típica e as cidades que teriam validade universal. Com isso ela passou a ser entendida como um emaranhado de problemas de ordem técnica e funcional e os valores pessoais, históricos e culturais foram deixados de lado, bem como a dimensão sensorial e psicológica, e os homens passaram a ser tratados com a designação de “usuários” ou de “moradores”.

Em contraposição a esta visão surge uma corrente que tem atualmente muitos adeptos, e autores como Silva[7], postulam que ver, cheirar, ouvir, passear, deter-se, recordar e representar são atributos que ainda devem ser considerados em cada cidade. Nesta linha, o desafio contemporâneo da arquitetura encontrar-se-ia na criação de lugares, ou seja, de espaços impregnados de vivências, portadores de símbolos, sensações e significados. O lugar sendo entendido como um modo particular de relacionar as diversas experiências vividas no espaço, onde passam a valer os lugares existenciais e perceptivos.

Sob a ótica da geografia Roncayolo[8] faz a distinção entre os produtores e consumidores da cidade, identificando a existência de uma forma de pensá-la, vivê-la e sonhá-la por parte daqueles que a projetam e debatem a sua feitura e entre estes se encontrariam; engenheiros civis, arquitetos, urbanistas, médicos sanitaristas entre tantos outros. Entre seus consumidores o autor distingue os cidadãos comuns que constituem a maioria de sua população e os leitores especiais dela seriam representados pelos fotógrafos, poetas, cronistas, pintores e artistas. Segundo Pesavento[9] os últimos seriam dotados de um olhar mais apurado e sensível e conseguiriam estabelecer com a cidade uma relação privilegiada de percepção. Nós acrescentaríamos também na categoria de leitores especiais os acompanhantes terapêuticos, pela sua possibilidade de fazer uma utilização terapêutica do espaço por meio de um olhar/escuta diferenciados. 

Para o filósofo Pierre Bordieu[10] as relações sociais de poder atribuem sentidos às representações do mundo social, classificando a realidade e conferindo valores ao espaço, à cidade, à rua, aos bairros e seus habitantes. Assim as qualificações de perigosa ou segura, limpa ou suja, ordenada ou anárquica, bela ou feia variam de acordo com estas relações. A mídia, as festas populares, as manifestações e os acontecimentos singulares que quebram a rotina da vida da cidade, dão voz aos acontecimentos urbanos, nos fazendo chegar representações coletivas de uma “outra” cidade.

Já segundo o arquiteto Aldo Rossi[11] a cidade sempre contém a forma de um tempo, existindo muitos tempos em seu interior. No próprio decorrer da vida de um homem, ela muda de fisionomia, e as referências não são sempre as mesmas. A cidade não é por sua natureza uma criação que pode ser reduzida a uma idéia básica: os processos de conformação são diferentes, sendo constituída por partes; cada uma dessas partes tem elementos originários em torno dos quais se agregam edifícios. É provável que o valor da história entendida como relação da coletividade com o lugar, memória coletiva, ajude a compreender o significado da estrutura urbana, da sua individualidade e de sua arquitetura. A união entre o passado e o futuro está na própria idéia da cidade que, para concretizar-se, deve tomar forma na realidade, mas também dar forma a esta.

O sociólogo Richard Sennett entende que as formas visuais da cidade não possuem um conteúdo tão simples ou direto, ou seja, ela não é tão transparente, e aposta nela como elemento revelador de significados, tratando se da capacidade de oferecer a experiência da alteridade dadas as condições diversas e múltiplas que a vida urbana nos dispõe. A cidade é um lugar que autoriza as diferenças e encoraja o agrupamento delas, construindo pertencimentos desiguais e experiências cada vez mais complexas[12].

Sob um enfoque discursivo a cidade é compreendida na relação com o sujeito, tratando se de uma realidade que se impõe fortemente e nada poderia ser pensado sem tê-la como pano de fundo. Todas as decisões que delimitam um espaço, um sujeito, uma vida, atravessam o espaço da cidade que passa a ser uma base para os movimentos que nos levam à transformação de significações, de sentidos. Assim ela tem a possibilidade de nos dizer algo, no espaço povoado de memória, de subjetividades, a história enunciar-se-ia na noção de eu urbano, e a cidade seria passível de interpretações[13].    

Como pudemos observar a cidade admite diversas representações, e conhecê-las é importante para que o acompanhante não faça dela um uso ingênuo, familiarizado com as relações de poder, de valor, e as diferentes temporalidades existentes o acompanhante terá mais subsídios para poder utilizá-la de forma terapêutica, a cidade oferece muitos recursos para além dos locais a serem freqüentados e possibilita que a exploremos criativamente na produção de experiências urbanizadoras e subjetivantes, no entanto precisamos estar atentos para não nos deixarmos capturar pela velocidade alienante que conduz muitos dos seus habitantes, às necessidades de nossos pacientes, aos movimentos e aos ruídos que neles ela produz.

A cidade e os sentidos

O processo de olhar a cidade e traduzi-la em imagens ou palavras implica um fenômeno de percepção, e as relações de percepção do homem com o seu meio através dos sentidos delineiam a riqueza de sensações que as cidades podem proporcionar, porém estas não se fazem de forma universal, os sentidos podem variar conforme os grupos étnicos, as culturas, as épocas e o meio circundante. A percepção é um processo mental de interação do indivíduo com o meio ambiente que se dá por meio de mecanismos sensoriais, mas principalmente cognitivos, os processos de interação entre homem e espaço se dão por meio de várias etapas entre as quais podemos citar: a sensação, a motivação, a cognição, a avaliação e a conduta[14]. A seguir descreveremos algumas características dos principais sentidos para descobrirmos o que cada uma delas pode evocar e sabermos como utilizá-las.

A visão é o sentido preponderante nos seres humanos e proporciona muito mais informação que os demais sentidos, por meio dos estímulos visuais são produzidas as relações de espaço, distância, luz, cor, forma, contraste e todas as outras formas de apreensão do espaço. Aliados à percepção e a cognição do espaço por meio da visão dos ambientes urbanos, estudos de design ambiental enfatizam que a visão teria o poder de invocar nossas reminiscências e experiências com todo seu conjunto de emoções[15].

O olfato é um sentido primitivo, imediato e emotivo, e um elemento de ordenação espacial e de relação com o lugar, permitindo complementar as informações visuais. Sentir odores envolve profundamente as emoções, uma área desagradável ganha muito mais força quando sentimos o seu cheiro[16], o cheiro transgride fronteiras[17] por não ser facilmente contido e escapar sem dificuldade. Nas cidades a percepção por meio do olfato recebe um significado sócio-espacial, atribuímos valores para os locais conforme seus odores, por exemplo, o cheiro do mar, das fabricas, de uma praça ajardinada ou das padarias[18].

A audição é um sentido transitório, mais fluido e passivo que a visão, e a relaciona com a comunicação e a informação[19], dando-nos também a noção de distancia ou de espaço. Já o tato, ou consciência háptica, proporciona a aquisição ativa ou passiva dos estímulos, sendo a passiva percebida pela sensação de pressão externa ou a ação de agentes em partes do corpo como as mudanças de temperatura, enquanto na ativa exploramos o ambiente com as mãos, pés ou boca, além disso, é pelo tato que temos consciência do tamanho e posição do nosso corpo, como para nos agacharmos e passarmos em uma passagem estreita, através do tato percebemos os diferentes materiais que compõem a cidade[20]. Como exemplos de exploração tátil temos; sentir o ar, a água e a terra[21].

Os órgãos sensoriais permitem que tenhamos sentimentos intensos pelo espaço e a sua apreensão é multi-sensorial, percebemos o mundo simultaneamente por meio de todos eles[22]. O meio ambiente se constitui no elemento essencial para a estruturação mental da relação espaço-tempo, pois a cognição da realidade se dá a partir delas. O homem enquanto resultado da experiência da relação de seu corpo com outras pessoas, organiza o espaço a fim de conformá-lo às suas necessidades biológicas e sociais. Os espaços capazes de fornecer um sentimento de segurança, competência a liberdade na dificuldade de locomoção e realização das ações, e que podem estabelecer uma relação harmoniosa entre homem e mundo constituem os espaços inclusivos e a sua capacidade de permitir trocas e estimular o estabelecimento de redes de relações é denominada de inclusão espacial[23], valorizando as experiências dos lugares evitando o esfacelamento das individualidades.

O psicanalista Daniel Stern postula que em uma das etapas do desenvolvimento infantil o ser humano teria a capacidade de percepção amodal[24], onde uma informação recebida de forma sensorial pode ser transmitida para outra de forma direta, ou seja, a informação não é processada de forma separada, não é percebida como sendo própria a um modo sensorial específico, mas de forma globalizada. O que se percebe “não seriam visões, sons, toques, ou objetos nomeados, mas ao contrário, forças, intensidades e padrões temporais” [25]. O autor propõe a existência de afetos de vitalidade que atravessam os afetos de amor, alegria, raiva, tristeza e medo e que se manifestam pela duração e persistência e mostram certa freqüência e constância, elas seriam uma espécie de condutor afetivo sem conteúdo por meio do qual os sentimentos podem ganhar expressão. Assim o mundo não seria representado apenas pelas coisas vistas, ouvidas ou tocadas, mas também apreendidoporpercepções imediatas e integradas, que se daria por meios dos afetos de vitalidade.

A sensação é uma das primeiras formas de interação entre o homem e seu meio, como pudemos perceber cada um dos sentidos apreende o mundo que nos cerca sob um aspecto e eles também trabalham de forma global como propõe Tuan. O contato com a cidade nos expõe a uma gama enorme de estímulos para as sensações, como por exemplo, as nuances de luz e sombra que um parque ou uma viela oferecem, os aromas característicos que determinados locais possuem em determinados horários, a sensação térmica de locais muito ou pouco arborizados, os ruídos de uma grande avenida ou a quietude de bairros residenciais.

Atento às percepções e utilizando as sensações que o caminhar pela cidade desperta em si e em seu paciente, o acompanhante modula a utilização dos espaços de acordo com a leitura que faz do estado afetivo daquele, possibilitando o surgimento de vivências, rememorações e resignificações que dêem ao seu paciente a chance da subjetivação de uma experiência, aproveitando assim o potencial de revelação e descoberta que podem resultar do encontro com os espaços inclusivos da cidade. Ao abordar o tema da inclusão precisamos estar sempre sensíveis a questão das diferenças - intrínsecas aos pacientes - para não corrermos o risco de apagarmos as subjetividades ao simplesmente readaptarmos os indivíduos.

A psicologia do caminhar

Em seu livro “Cidade e Alma” Hillman postula que existe uma ligação estreita entre ambas, e mostra que a alma aparece na cidade por meio de algumas imagens e idéias tradicionais que enumeraremos a seguir:

a.       profundidade, para os antigos gregos esta idéia estaria muito associada a alma, estreitar para intensificar, as vielas seriam a parte obscura da cidade, enfatizando a interioridade daquilo que está a sua frente ou de onde você está;

b.      memórias emotivas, seriam as experiências emocionais, coisas que nos importam em nossas vidas, ou importantes para a comunidade, encontramos a memória dos heróis nos nomes dos lugares que são um tributo às emoções que aconteceram no passado e pelas quais foi fundada a cidade, sendo que esta é uma história contada a medida em que caminhamos por ela, ela significa alguma coisa, ecoa com a profundidade do passado;

c.       imagens e símbolos, a alma tende a se estimular por meio destes, sem as imagens corremos o risco de perder o caminho, como por exemplo nas estradas, descobrimos onde estamos por meio de um processo abstrato de ler os sinais e pensar, lembrar e traduzi-las;

d.      relações humanas, a cidade necessita de lugares de encontro por meio do olhar entre os humanos, estes acontecem em lugares de pausa, sem esta não existiria encontro, mas também precisamos de lugares para o corpo, onde os corpos possam ser vistos, encontrar-se, tocar-se.

Segundo o autor o fato de não encontrarmos rostos por não andarmos entre a multidão nos abstém do nosso próprio rosto e nos abstém da própria cidade como ela foi originariamente concebida; uma congregação de faces humanas originadas de todos os caminhos. As cidades são ruas, avenidas de troca e comércio, o aglomerado físico de pessoas, uma multidão caminhando nas calçadas, a vitalidade da cidade depende do caminhar, quando limitamos a possibilidade do caminhar dentro de uma construção, estamos minimizando o movimento interior, a vida e a alma dentro da construção, diminuindo a vida interior e a interioridade das pessoas que o habitam, precisamos de mercados, praças, cafés, bares, clubes e até mesmo o banquinho da praça, onde é possível fazer uma pausa nos deveres e nas obrigações do dia a dia. A cidade é compreendida como um lugar para a alma, porque permitem as nossas almas suas pernas, as nossas cabeças suas faces, e aos nossos corpos seus estilos animais. Habitamos a terra também na liberdade das pernas que dão liberdade a mente.

Hillman reparou que as pessoas em estado de desordem psicológica naturalmente resolvem caminhar. Recomenda-se caminhar para dar um ritmo orgânico aos estados mentais depressivos, embotados, com suas agitações reverberantes, e esse ritmo orgânico do caminhar vai ganhando significado simbólico ao colocarmos um pé após o outro, direito-esquerdo, direito-esquerdo, num compasso ritmado. A linguagem do caminhar acalma a alma, e as agitações da mente começam a tomar um rumo. Caminhando estamos no mundo, encontramo-nos num lugar especifico e, ao caminhar neste espaço, tornamo-lo um lugar, uma moradia ou um território, uma habitação com um nome, segundo o autor há algum nível terapêutico no caminhar, algo que afeta profundamente o substrato mítico de nossas vidas.

Ao abordar o problema dos transportes o autor ressalta que a precaução terapêutica diz que devemos aprofundar ainda mais no problema para que uma crise não seja necessária. E examina os construtos básicos que o transporte utiliza para enfocar o problema. Um destes construtos se refere a lugares, então ele começa por contrastar “lugar” e “espaço” com o objetivo de nos mostrar que embora os lugares governem nossa experiência na cidade, o espaço tende a regular nosso pensar e nosso planejamento das cidades. As vezes o espaço leva embora nosso sentido de lugar – e ai nos perdemos, precisamos de placas e sinalizações, como num estacionamento, no aeroporto. O lugar – como piazza, place, plaza – é uma localidade auto-limitada, caracterizada, qualificada, com um nome e uma habitação. Temos imagens de lugares, enquanto que um espaço é um conceito abstrato, melhor apresentado geometricamente, um tipo de espírito formal na mente.

Hillman ainda diz que hoje o caminhar é principalmente dirigido pelos olhos, não queremos mais labirintos, nem surpresas, sacrificamos os pés pelos olhos. As cidades mais antigas quase sempre cresciam em torno dos rastros dos pés, trilhas, esquinas, caminhos, entroncamentos, cruzamentos. Elas seguiam os padrões inerentes aos pés, em vez de plantas desenhadas pelos olhos. Nos dias de hoje o pé é escravo do olho, o que faz com que o caminhar se torne uma mera questão de cobrir distancias. Quando podemos manter a tensão entre pés e olhos, embarcamos numa abordagem mais circular e indireta. O pé leva o olho, o olho instrui o pé, alternadamente. O caminhar assume o movimento da alma. Na arte da jardinagem é essencial que olhos e pés fiquem satisfeitos: os olhos para ver; os pés para atravessar; os olhos para abarcar e conhecer o todo; os pés para permanecer nele e vivenciá-lo. Para o homem medieval a natureza era demoníaca, hoje as cidades são demoníacas. Fugimos delas pelas vias expressas ou por vôos sem escalas que nos levam aonde podemos diminuir o ritmo e parar.

Este autor tem um ponto de vista que pode ser muito útil ao acompanhante terapêutico, segundo ele, parte da recuperação de nossos pacientes reside na transformação das nossas noções de região, de uma geometria do espaço e de uma mecânica da aceleração para uma topografia de lugares, e a cidade como um agrupamento destes. Enquanto o espaço tende a nos induzir fantasias futuristas, os lugares tendem a nos relembrar histórias, diferenças étnicas e terrestres, que não podem ser reduzidas à esta uniformidade universal das nossas vidas contemporâneas, ao lugar nenhum de qualquer lugar dos shopping centers, ou das vias que a eles nos levam e deles nos trazem.

A psicanálise e a “urbanização” do eu

Após esta excursão pelo tema da cidade; de sua crise, das representações que ela admite e adquire até a psicologia do caminhar, passaremos a enfocar sob o ponto de vista psicanalítico o processo de subjetivação um dos objetivos do acompanhante terapêutico.

O processo de subjetivação, segundo Ferenczi, tem intima relação com os mecanismos de introjeção e na transferência. A introjeção é a própria forma de funcionamento do aparelho psíquico, aquilo que o psiquismo pode e sabe fazer, trazendo a noção de representar, produzir fantasmas e identificações, sendo um processo que cria, ao mesmo tempo, o eu e o objeto. Para este autor através da introjeção é possível se apropriar de um sentido, é ela que começa a povoar de representações o aparelho psíquico por meio da inclusão do objeto, e o objeto nada mais é que o suporte daquilo a que visa a introjeção, são as representações investidas pelo objeto e o próprio mundo simbólico de que o objeto é portador que a introjeção visa incluir na esfera do psíquico. O objetivo da introjeção relaciona-se, sobretudo à subjetividade; trata-se de trazer para a esfera psíquica os sentimentos do objeto. As representações carregadas de sentido possibilitam ao aparelho psíquico apropriar-se do que lhe falta: o sentido.

A partir deste ponto – em que o psiquismo é concebido como capaz de introjetar – Ferenczi nos mostra como se faz a inserção humana no mundo simbólico. Os objetos do mundo são introjetados gradualmente e metabolizados como imaginação. Suas propriedades passam a fazer parte do próprio eu e a integrar individuo e meio ambiente. A compreensão do processo de introjeção como elo que liga o ser humano a seu mundo e o papel atribuído à corporeidade na expressão dos afetos são de grande utilidade no trabalho do acompanhante terapêutico.

Já os fenômenos transferenciais são as evidencias dos movimentos de deslocamento de energia psíquica causados pelas introjeções, e como estas as transferências seriam “um processo de alargamento do eu”[26]. Ao pensá-las como um processo introjetivo, privilegia se a transformação de afetos e não de representações, tratando-se da própria possibilidade de ser afetado e impregnado pela presença do outro. Os acompanhantes terapêuticos devem estar atentos e sensíveis aos elementos da transferência e entender que não se trata apenas de uma imagem que se desloca do passado ao presente, mas também de um gesto, um cheiro, da cor dos cabelos, qualquer detalhe que se atualize pelas pequenas percepções e que evoque impressões mínimas, ou inconscientes e ainda inacessíveis a palavra.

Em uma outra visão que também privilegia a percepção, José Gil postula que o espaço da transferência é um espaço de fronteira em que se tem contato com o fora e com o dentro, e que põe em contato dois corpos, duas presenças que se intensificam por este dispositivo. Neste contato o corpo multiplica a alma e lhe dá “uma geografia, uma geologia, uma topologia, ao criar, através das modalidades sensoriais auditivas, gustativas, olfativas, visuais e táteis, espaços onde se dão as experiências de limiar com sua potencia de metamorfose”[27]. De acordo com este autor, o campo das pequenas percepções pode ser compreendido como fenômeno de limiar (não-consciente). Em nossa prática, encontramos esses fenômenos em estados psíquicos específicos como a transferência e contra-transferência, na medida em que, entre um e outro, sempre se encontra em jogo uma “tensão de forças não-consciente”[28]. Estas pequenas percepções são de importância vital, na medida em que elas são estruturantes desse campo de afetação e são um material basal para o trabalho do acompanhante terapêutico, pois, além de serem fundamentais para viabilizar os processos de simbolização, estão implicadas nos modos como se opera a transferência.

Se Ferenczi tornou a dimensão perceptiva um elemento legítimo da clinica, o acompanhante terapêutico ao seguir esta proposta deve estar atento as próprias percepções, fazendo uso do que Gil denomina olhar flutuante e que apreende o que a visão objetiva não consegue ver, tratando se do “olhar que não se limita a ver, interroga e espera respostas, escruta, penetra e desposa as coisas e os seus movimentos”[29]. Este olhar apreenderia os fenômenos que acontecem no movimento das pequenas percepções e caracterizam um tipo de experiência que para além das percepções penetraria na dimensão resultante das relações de força que se estabelecem entre corpo e mundo.  

No acompanhamento terapêutico freqüentemente nos utilizamos do corpo para fazer intermediações que criam espaços de fala, na relação transferencial sustentamos com o nosso corpo a escuta, o olhar, criando canais de sintonia com os fluxos de forças que se encontram congestionados. Aqui se encontra uma diferenciação na técnica que tem diretamente a ver com a concepção de transferência adotada, neste caso, já não mais a interpretamos, mas a acolhemos e ao sujeito na vivência da experiência, mais que interpretação, trata-se de uma transformação. O acompanhante participa ora perguntando, ora assinalando e ligando a representação com outros conteúdos, e isto proporciona a elaboração dos conteúdos vividos pelo seu paciente, favorecendo a criação de subjetividade. O que faz da transferência um processo subjetivador não são os seus conteúdos nem a pessoa para quem se transfere. A transferência é um espaço criador porque coloca em movimento forças que constituem os processos introjetivos que levam à inclusão do mundo[30].

Dentro deste enfoque a transferência ganha especial destaque no acompanhamento terapêutico por ser um processo perceptivo por excelência, fazendo com que o corpo se sobressaia. É como se o trabalho nos espaços públicos e a ampliação do setting colocassem o corpo do acompanhante em relevo como uma poderosa via de escuta. Acreditamos com Orlandi que ao produzir sentidos na cidade, textualizando sua relação com objetos simbólicos no mundo urbano, o acompanhante terapêutico possibilita ao sujeito a construção da própria identidade urbanizando-se, garantindo à experiência a sua existência, não deteriorando a si mesmo como um produto ideológico a serviço da coisificação do indivíduo, tampouco a sua prática.

Reabilitando (em nós) o flâneur[31]

Criado no mundo literário da Paris do século XIX o flâneur surge para responder a uma necessidade burguesa de se afirmar diante da aristocracia, posteriormente torna-se um instrumento das massas, tendo uma participação ativa e um fascínio pelo estilo de vida das ruas ao mesmo tempo em que mostra uma atitude critica em relação à uniformidade, rapidez, e anonimato da vida moderna na cidade, ele procura experiência ao invés de conhecimento, e a flânerie é uma atividade que tem como base o andar e o olhar.

Para Benjamin o flâneur é um viajante contemplador e reflexivo que desfruta da sua maneira a paisagem, o sujeito que se perde lentamente pelas ruas, que se entrega imaginativamente, sem um plano prefixado pelo que lhe oferece o espaço, sem as tiranias dos mapas, das rotinas pré estabelecidas, abandonando-se à possibilidade de uma revelação – sensorial, educativa ou rememorativa – que talvez aconteça ou não, mas sempre com a caracteristica de deixar-se levar[32]. Ou seja, ele está lançado a um passeio imprevisível, às incertezas, a possibilidade de não ver tudo e, portanto de poder acompanhar as suas percepções, o flâneur sabe que este caminhar pode converter o andar em algo diferente, conduzido pela vontade de descoberta de novas coisas, capaz não apenas do reconhecimento, mas de uma autêntica vivência.

Acreditamos que para além dos objetivos concretos como ir ao cinema, supermercado, médico ou a um parque o acompanhamento terapêutico oferece a possibilidade de utilizar o próprio caminhar como um agente subjetivador, pois enquanto estamos mergulhados na cidade estamos proporcionando a criação de subjetividade na medida em que damos sentido às experiências, significando as percepções, lembranças, preenchendo lacunas e tecendo uma história no contato com ela. Neste contexto alguns dos princípios adotados pelo flâneur podem ensinar muito ao acompanhante terapêutico, como por exemplo, caminhar pela cidade sem esquecer a atitude crítica em relação à dinâmica sócio-econômica que a produz e lhe atribui valores e significados, não perder a capacidade de contemplar e refletir, despir-se das tiranias dos roteiros pré-definidos, permitir-se a possibilidade de viver o inusitado, deixando surgir o novo e interessando-se mais nas experiências do que no conhecimento.

Num trabalho com o foco na valorização das experiências o quefazer do acompanhante terapêutico consiste em desvelar e/ou revelar em um contexto específico significados que se expressam em atos, gestos, e acontecimentos imprevisíveis. E esta tarefa exige a escuta de um discurso muitas vezes sem sentido aparente e caracterizado por ambigüidades e incoerências permeados por elementos subjetivos e intersubjetivos. O acompanhante adentra a cultura de seu paciente, compreende o conjunto de significados que dá sentido às ações e práticas em sua vida, e a partir daí o auxilia a tecer outros significados, num movimento de ida e vinda entre: a experiência vivida; a realidade histórica; social e individual, sendo este ir e vir o ingrediente de uma escuta atenta e subjetivante. 

Ao acessarmos as memórias, sensações e detalhes inesperados que evocam novos caminhos, proporcionamos a criação de novas conexões, a relocação de tempo e espaço, resgatando a experiência e ao paciente e trazendo a tona à cidade subterrânea, a que mora em nós e que faz parte de nossas histórias, para que isto seja possível é necessário inicialmente um gesto, o acolhedor, que por criar as condições para o paciente estar em contato com a vida na e da cidade, dizemos que urbaniza[33].    

NOTAS:

[1] Texto preparado a partir de aula dada no I Curso de Acompanhamento Terapêutico Proesq-Unifesp- CEPP 2007/08 e publicado em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0541.pdf.

[2] Psicólogo Clínico, Psicanalista e Acompanhante Terapêutico; Especialista em Psicologia Clinica pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP) - 6ª região (São Paulo – Brasil).

[3] Natalia A. Morato Fernandes, O conceito de resistência em Benjamin e Adorno, Rev. Estudos de Sociologia, p. 171.

[4] John C. Dawsey, Turner, Benjamin e Antropologia da Performance: O lugar olhado (e ouvido) das coisas, p. 19-20.

[5] Kleber J. M. Lopes, Modos de atenção na cidade além da conta: uma reflexão sobre lugares e não lugares, p. 135.

[6] A Carta de Atenas foi elaborada em 1933 por um grupo internacional de arquitetos depois de uma série de congressos onde se discutiu como o paradigma da arquitetura moderna poderia responder aos problemas causados pelo rápido crescimento das cidades, causado, entre outros fatores, pela mecanização na produção e as mudanças no transporte.

[7] SILVA apud Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade, p. 159.

[8] RONCAYOLO apud Sandra Jatahy PESAVENTO, Muito além do espaço: por uma história cultural do urbano, Estudos Históricos, 8 (16):  281-2.

[9]  Sandra Jatahy PESAVENTO, Muito além do espaço: por uma história cultural do urbano, Estudos Históricos, 8 (16):, p. 283.

[10] BORDIEU apud Sandra Jatahy PESAVENTO, Muito além do espaço: por uma história cultural do urbano, Estudos Históricos, 8 (16):, p. 283.

[11] Cf. “A Arquitetura da cidade”. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_arquitetura_da_cidade. acesso em 25 out. 2006

[12] SENNETT apud Sandra Jatahy PESAVENTO, Muito além do espaço: por uma história cultural do urbano, Estudos Históricos, 8 (16):, p. 284-5.

[13] ORLANDI apud João Batista MARTINS e Irineu Jun YABUSHITA, Ruídos da cidade: pichações na cidade de Londrina – aproximações..., Athenea Digital, 1 (9): 24.

[14] Vicente Del Rio, Considerações sobre o desenho da cidade pós-moderna, in Novos recortes territoriais, novos sujeitos sociais: desafios ao planejamento. Anais do VII Encontro Nacional da ANPUR, MDU/UFRE, vol. 1, p. 685.

[15] Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade, p. 158.

[16] TUAN apud  Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade,  p. 157.

[17] CLASSEN apud Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade,  p. 158.

[18] RAPOPORT apud Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade, p. 157.

[19] RAPOPORT apud Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade, p. 157.

[20] RAPOPORT apud Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade, p. 158.

[21] TUAN apud Milena KANASHIRO, A cidade e os sentidos: sentir a cidade, p. 158.

[22] TUAN apud Cristiane Rosa DUARTE e Regina COHEN, Arquitetura, Espaço, Acesso e Afeto, disponível em <http://www.bengalalegal.com/afetoelugar.php>, acesso em 25/03/ 2007.

[23] TUAN apud Cristiane Rosa DUARTE e Regina COHEN, Arquitetura, Espaço, Acesso e Afeto, disponível em <http://www.bengalalegal.com/afetoelugar.php>, acesso em 25/03/ 2007.

[24] Ao contrário de Freud, Stern postula que as características das etapas iniciais do desenvolvimento não são ultrapassadas em seu decorrer, mas se mantém ao longo da existência.

[25 Daniel STERN, O mundo interno do bebê, p. 45.

[26] FERENCZI apud Eliana Schueler REIS, De corpos e afetos, p. 114. 

[27] GIL apud Eliana Schueler REIS, De corpos e afetos p. 117.

[28] GIL apud Eliana Schueler REIS, De corpos e afetos, p. 86.  

[29] GIL apud Eliana Schueler REIS, De corpos e afetos, p. 87.

[30] Eliana Schueler REIS, De corpos e afetos, p. 88.

[31] Em língua portuguesa, segundo o dicionário eletrônico Houaiss, se diz “flanador”, aqui utilizaremos o termo original já consagrado pelo uso.

[32] Walter BENJAMIN, Charles Baudelaire. Um lírico no auge do capitalismo, p. 52 e ss.

[33] Segundo o dicionário eletrônico Houaiss, urbanizar é tornar (-se) urbano, civilizar (-se), tornar (-se) cortes, polido, já civilizar é tornar-se civil, cidadão. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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BENJAMIN, Walter. “Sobre alguns temas em Baudelaire”, in “Benjamin – Adorno – Horkheimer –Habermas”, São Paulo, Abril Cultural. Coleção Os Pensadores, 1975.

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DEL RIO, Vicente, Considerações sobre o desenho da cidade pós-moderna, in Novos recortes territoriais, novos sujeitos sociais: desafios ao planejamento. Anais do VII Encontro Nacional da ANPUR, MDU/UFRE, vol. 1, p. 685, Recife, 1997.

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FERENCZI, Sandor, Transferência e introjeção, in Obras completas de psicanálise, vol. I, São Paulo, Martins Fontes, 1989.

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SEVCENKO, Nicolai, A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa, São Paulo, Companhia das Letras, 2001. 

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