O consumo consciente na Black Friday

 

 

 

Black Friday, o dia do consumo inconsciente?

Vídeos com consumidores fazendo loucuras em liquidações viralizam e deixam a dúvida: é possível comprar com responsabilidade nesta data?

Por Valquiria Daher 

Basta clicar na hashtag #BlackFriday2019, um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira, para se deparar com cenas assustadoras de multidões correndo com suas cestinhas de compras, gente caindo no chão, outros passando por cima até de crianças e velhinhos. Não se sabe se todos os vídeos são realmente deste 29 de novembro de 2019, mas comunicam bem o impulso de consumo que toma conta de muitos nesta época do ano. 

E pensar que até 2014 apenas 27% dos consumidores brasileiros sabiam da existência da Black Friday, típica da ressaca pós-feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Hoje são 99,5% são impactados por essas liquidações, informa levantamento da plataforma Gente, da Globosat. 

Mas, afinal, o que move os desesperados dos vídeos que viralizaram? São boas oportunidades de compra? É o efeito de campanhas publicitárias que, só nas principais redes sociais, atingiram quase 300 milhões de pessoas no mundo em 2018, segundo o Global Digital Report? 

“Nas condições atuais, espera-se que a classe média mundial tenha quase dobrado entre 2009 e 2020, de 1,8 para 3,2 bilhões. Com isso, aumenta-se o poder de compra e, consequentemente, o consumo em excesso. Esse aumento é agravado por diversas situações, como o ‘Efeito Manada’, onde o consumidor, ao ver outras pessoas fazendo uma compra, sente-se pressionado socialmente e passa a desejar o mesmo produto”, avalia Fernanda Iwasaka, analista de Conteúdos e Metodologias do Instituto Akatu. 

Comparadas por internautas aos zumbis da série “The Walking Dead”, essas pessoas teriam a opção de aproveitar a liquidação e, ao mesmo tempo, fazer compras de uma forma consciente? 

 “A Black Friday pode ser o momento para adquirir algo planejado ou necessário mas, por outro lado, expõe os consumidores a ofertas atraentes e constantes de produtos que podem induzi-los a consumir impulsivamente, por conta da sensação de ganho de vantagem decorrente das promoções divulgadas. Ou seja, é possível aproveitar a data de maneira consciente mas, sim, os apelos são atraentes e os consumidores devem estar atentos ao que é oferecido”, avisa Fernanda. 

Para a analista do Akatu, alguns comportamentos podem dar aquela “segurada” nos impulsos consumistas: “Reflita sobre suas necessidades e possibilidades de pagamento; se estiver em dúvida sobre uma compra, vá para casa, tome algum tempo até que a vontade passe e reflita sobre os motivos que tornam aquele item desnecessário. Essa mudança de ambiente ativa um novo lado do cérebro, que é mais racional, em comparação ao que é impulsivo e instintivo, que nos é útil em algumas situações, mas não no momento de uma compra”. 

Seis perguntas para uma compra sustentável 

Comprar e consumir não são sinônimos. “Não existe vida sem consumo e nem consumo sem impacto, ou seja, todas as nossas atividades geram impacto no meio ambiente, na economia, na sociedade e nas nossas vidas. Consumir conscientemente não significa deixar de consumir, mas fazê-lo de modo diferente, sem excessos, considerando toda a cadeia produtiva de um produto ou serviço e buscando melhor impacto”, explica Fernanda. O Akatu fez uma lista do impacto dos produtos mais vendidos na Black Friday. 

Para ela, é preciso que o consumidor compreenda que a compra é apenas uma das etapas do ciclo de vida do produto, cuja produção demanda recursos (água e energia); mudança no uso de terra, prejudicando não só as espécies que antes ali habitavam, como também comunidades locais que dependiam dela para sua sobrevivência; emissões de gases de efeito estufa (GEE) no processamento e transporte; além da geração de resíduos que acabam indo parar em aterros. Pensando em todos esses pontos, Fernanda destaca seis perguntas que todos devemos fazer antes e depois de uma compra. 

Por que comprar? Reflita se você realmente precisa comprar ou se está sendo levado por um impulso do momento. Antes, pense se você já não tem o suficiente ou se você pode, em vez de comprar, fazer uma troca, reutilizar ou pegar emprestado. 

O que comprar? Pense sobre quais características do produto atenderão à sua necessidade e leve em consideração os impactos associados ao produto na hora da seleção. 

Como comprar? É hora de pensar sobre as formas de pagamento e sobre a logística dessa compra. Como é melhor para você, comprar à vista ou a prazo? Como vai buscar e levar as mercadorias, de forma a ter o menor impacto negativo possível no ambiente? 

De quem comprar? Sempre que puder, acompanhe notícias de fontes confiáveis e tente descobrir informações sobre as empresas que fabricam e vendem o produto ou serviço: verifique se há cuidado no uso dos recursos naturais, se os funcionários são respeitados. 

Como usar? Cuide para estender ao máximo a vida útil daquilo que você compra. Assim você evita os impactos associados à fabricação, o transporte e o descarte de outros produtos. 

Como descartar? Aquilo que não tem mais utilidade para você pode ser reformado ou pode ser interessante para outra pessoa. Se isso não for mais possível, é preciso fazer um descarte adequado. Veja se o material pode ser encaminhado para a reciclagem ou se exige descarte especial.  

Fonte: https://projetocolabora.com.br/ods12/black-friday-o-dia-do-consumo-inconsciente/

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