O que é doomscrolling?
O doomscrolling, termo que descreve o hábito compulsivo de consumir notícias negativas de forma contínua nas redes sociais e portais de informação, tornou-se um fenômeno preocupante na era digital. Impulsionado por algoritmos que priorizam conteúdos alarmantes para gerar engajamento, esse comportamento mantém os usuários presos em um ciclo vicioso de más notícias, como crises políticas, desastres ambientais ou violência. A exposição constante a essas informações desencadeia um estado de hipervigilância, em que o cérebro interpreta cada manchete como uma ameaça iminente, mesmo que distante da realidade do indivíduo. Esse processo alimenta a ansiedade generalizada, já que a mente passa a operar em um modo de "alerta permanente", dificultando o relaxamento e o foco em atividades cotidianas.
Além da ansiedade, o doomscrolling está associado ao aumento do estresse crônico. A repetição de imagens e relatos perturbadores eleva os níveis de cortisol, hormônio ligado à resposta de luta ou fuga, que, em excesso, prejudica o sistema imunológico e a saúde cardiovascular. Estudos indicam que pessoas que passam horas consumindo notícias negativas relatam sintomas como fadiga constante, irritabilidade e até dores de cabeça. A sensação de impotência diante de problemas globais — como mudanças climáticas ou pandemias — também pode levar à desesperança aprendida, em que o indivíduo passa a acreditar que não há soluções para as crises, minando sua motivação e capacidade de agir.
Outro impacto relevante é o isolamento emocional. Ao priorizar o consumo de conteúdos catastróficos, muitos reduzem o tempo dedicado a interações sociais significativas ou a hobbies que geram prazer. A desconexão de relações reais, somada à exposição a narrativas polarizadas nas redes, alimenta sentimentos de solidão e desconfiança em relação aos outros. Paradoxalmente, mesmo conectado virtualmente, o praticante do doomscrolling pode sentir-se cada vez mais alienado, agravando quadros de depressão ou transtornos de humor.
O ciclo do doomscrolling também interfere na qualidade do sono. A luz azul das telas suprime a produção de melatonina, hormônio essencial para regular o sono, enquanto a ativação mental provocada por notícias tensas dificulta o relaxamento necessário para adormecer. A privação de sono, por sua vez, amplifica a vulnerabilidade emocional, criando um círculo vicioso: quanto menos se dorme, maior a propensão a buscar distração em conteúdos online, perpetuando o hábito nocivo.
Para mitigar esses efeitos, é essencial estabelecer limites saudáveis no consumo de informações. Definir horários específicos para checar notícias, priorizar fontes confiáveis e balancear o acesso a conteúdos com atividades offline — como exercícios, meditação ou contato com a natureza — são estratégias eficazes. Reconhecer o doomscrolling como um padrão de autossabotagem é o primeiro passo para recuperar o controle sobre a saúde mental e reconectar-se com uma perspectiva mais equilibrada da realidade.
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Doomscrolling: o que é e como evitar?
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