Síndrome da cabeça caída: consequência do uso excessivo de telas
A síndrome da cabeça caída (SCC), também conhecida como dropped head syndrome, é uma condição caracterizada pelo enfraquecimento dos músculos extensores do pescoço, que leva à incapacidade de sustentar a cabeça em posição ereta, resultando em uma postura flexionada com o queixo próximo ao peito. Embora tradicionalmente associada a doenças neuromusculares, como esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou miopatias, casos recentes têm relacionado a síndrome a hábitos modernos, como o uso prolongado de telas (celulares, tablets, computadores). O crescente tempo em dispositivos digitais, muitas vezes em posturas inadequadas, tem se tornado um fator de risco emergente para o desenvolvimento dessa condição.
O mecanismo principal ligado ao uso excessivo de telas é a má postura crônica. Ao inclinar a cabeça para frente por horas, ocorre uma sobrecarga na musculatura cervical, que precisa suportar um peso equivalente a cerca de 27 kg quando o pescoço está flexionado em 60 graus. Com o tempo, isso causa fadiga muscular, degeneração dos tecidos e, em casos extremos, deformidades estruturais na coluna cervical, como cifose ou escoliose. Um exemplo emblemático é o caso de um jovem japonês que desenvolveu SCC após anos jogando em posição curvada, exigindo cirurgia para corrigir danos graves nas vértebras.
Os sintomas incluem dor cervical, limitação de movimentos, fraqueza muscular e, em estágios avançados, complicações como compressão medular ou dificuldade para engolir. O diagnóstico envolve exames físicos, ressonância magnética ou tomografia para avaliar deformidades, além de eletroneuromiografia para detectar alterações neuromusculares. Apesar de rara, a SCC decorrente de postura inadequada tem aumentado, especialmente entre jovens que passam mais de 8 horas diárias em dispositivos móveis.
O tratamento varia conforme a gravidade. Em casos leves, recomenda-se fisioterapia para fortalecimento muscular, uso de colares cervicais e ajustes ergonômicos. Já em situações severas, como a do paciente iraniano que precisou de cirurgia para implante de hastes metálicas, intervenções cirúrgicas são necessárias para descomprimir nervos e realinhar a coluna. A reabilitação pós-cirúrgica inclui terapia postural e conscientização sobre hábitos digitais.
A prevenção é fundamental. Recomenda-se adotar a regra 20-20-20 (a cada 20 minutos de tela, focar um objeto a 6 metros por 20 segundos), manter o topo da tela na altura dos olhos e evitar inclinar a cabeça excessivamente. Além disso, exercícios para fortalecer a musculatura cervical e pausas frequentes durante o uso de dispositivos podem reduzir riscos. Campanhas de saúde pública e orientações ergonômicas em escolas e ambientes de trabalho são essenciais para combater essa "epidemia silenciosa" associada à era digital.
A SCC ilustra como o estilo de vida moderno, marcado pelo sedentarismo e dependência tecnológica, pode ter impactos profundos na saúde musculoesquelética. A conscientização e a mudança de hábitos são passos urgentes para evitar complicações debilitantes.
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