Como o cérebro reage às mensagens das redes sociais
O cérebro reage às mensagens das redes sociais de várias maneiras, ativando diferentes áreas e sistemas, entre as quais podemos citar:
Sistema de Recompensa: Quando uma pessoa recebe um "like" ou um comentário positivo em uma postagem, o cérebro libera dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa. Esse mecanismo é semelhante ao que ocorre com outras formas de gratificação, como comer comida saborosa ou ganhar um prêmio.
Córtex Pré-Frontal: Esta área do cérebro é responsável pelo planejamento, tomada de decisões e controle de impulsos. O uso excessivo das redes sociais pode afetar negativamente essa região, especialmente em adolescentes, levando a problemas de atenção e capacidade reduzida de tomar decisões racionais.
Amígdala: A amígdala é responsável pelo processamento das emoções. As redes sociais podem amplificar respostas emocionais, tanto positivas quanto negativas. Por exemplo, comentários negativos ou críticas podem levar a respostas emocionais intensas, como ansiedade ou tristeza.
Conexões Sociais e Pertencimento: As interações nas redes sociais podem aumentar a sensação de pertencimento e conexão social, ativando circuitos neuronais relacionados à sociabilidade e empatia. No entanto, a comparação social e a percepção de exclusão podem ter efeitos negativos, como sentimentos de inveja e isolamento.
Estímulo Contínuo: O fluxo constante de informações e notificações nas redes sociais mantém o cérebro em um estado de alerta contínuo, o que pode levar ao cansaço mental e dificuldade de concentração. Esse estímulo contínuo pode sobrecarregar o sistema de atenção do cérebro.
Efeitos de Curto e Longo Prazo: A curto prazo, o uso das redes sociais pode proporcionar prazer e diversão, mas a longo prazo, o uso excessivo está associado a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.
Além disso ao receber notificações e mensagens de redes sociais, várias reações e processos complexos são acionados no cérebro, entre os principais:
Reconhecimento do Som/Vibração: Assim como com uma chamada de celular, o som ou a vibração de uma notificação é captado pelos ouvidos e pela pele, e essa informação é enviada ao cérebro, ativando o córtex auditivo ou áreas sensoriais.
Atenção e Curiosidade: As notificações de redes sociais são projetadas para captar rapidamente a atenção. A área do córtex pré-frontal, responsável pela atenção e tomada de decisões, é ativada, levando você a verificar a mensagem.
Liberação de Dopamina: A antecipação de receber uma mensagem ou notificação agradável pode desencadear a liberação de dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa. Este processo é gerido pelo sistema de recompensa do cérebro, incluindo o núcleo acumbens.
Reconhecimento e Processamento da Informação: Quando a mensagem é lida, o cérebro usa várias áreas para processar a linguagem e interpretar o conteúdo. Se a mensagem é de alguém conhecido, a memória e áreas de reconhecimento social são ativadas.
Reação Emocional: Dependendo do conteúdo da mensagem, o sistema límbico, especialmente a amígdala, pode ser ativado, gerando respostas emocionais. Uma mensagem positiva pode causar sentimentos de alegria, enquanto uma mensagem negativa pode causar estresse ou ansiedade.
E quando uma notificação de rede social interrompe uma atividade em desenvolvimento, o cérebro precisa realizar várias tarefas complexas para gerenciar essa interrupção. Por exemplo o cérebro precisa:
Redirecionar a Atenção:
Córtex Pré-frontal: O córtex pré-frontal é crucial para a atenção e a tomada de decisões. Quando uma notificação interrompe uma tarefa, essa área do cérebro é ativada para redirecionar a atenção da atividade atual para a nova informação (a notificação).
Sistema de Alerta: A notificação atua como um estímulo externo que ativa o sistema de alerta, envolvendo regiões como o locus coeruleus, que libera noradrenalina e ajuda a aumentar a vigilância e o foco na nova tarefa.
Processar a Interrupção:
Existe uma área (Córtex Cingulado Anterior) importante para detectar conflitos e gerenciar a mudança entre tarefas. Quando ocorre uma interrupção, ela ajuda a avaliar a importância da notificação em relação à tarefa em curso. Além disso o sistema de memória de trabalho mantém informações temporárias na mente e é crucial para a realização de tarefas. Quando uma notificação é recebida, essa memória de trabalho é temporariamente desviada para processar a nova informação.
Avaliar a Relevância:
Existe uma outra área que ajuda na avaliação da relevância emocional e pessoal da notificação (Córtex Pré-frontal Ventromedial). Dependendo da importância percebida da notificação, o cérebro decide se deve atender imediatamente ou continuar com a tarefa atual. Se a notificação tem um conteúdo emocional forte (como uma mensagem de um ente querido ou uma notícia urgente), uma outra região (amígdala) pode ser ativada, aumentando a probabilidade de que a notificação seja priorizada.
Realizar a Troca de Tarefas:
Existe uma área no cérebro que é fundamental para a troca de tarefas (Córtex Pré-frontal Dorsolateral), ele ajuda a desativar a atenção da tarefa anterior e a reorientar os recursos cognitivos para a nova tarefa. Paralelamente uma outra área, o córtex Parietal, participa na orientação da atenção espacial e na percepção sensorial, além de auxiliar na mudança de foco entre tarefas.
Consequência na Produtividade e no Foco:
A troca frequente de tarefas, provocada pelas interrupção que as mensagens das redes provocam, leva frequentemente à uma diminuição na eficiência e na produtividade, pois o cérebro leva algum tempo para reorientar completamente a atenção, o que pode resultar em lapsos de concentração e aumento de erros. Pesquisas revelaram que a multitarefa e as interrupções frequentes podem reduzir a capacidade de retenção de informações e o desempenho cognitivo como um todo.
Restaurar o Foco Original:
Após lidar com a notificação, o córtex pré-frontal deve ajudar a restaurar o foco na tarefa original. Isso pode exigir um esforço cognitivo adicional para lembrar onde a atividade foi interrompida e para retomar o fluxo de trabalho. Além disso, o cérebro precisa reintegrar as informações armazenadas temporariamente na memória de trabalho para continuar com eficiência na tarefa que estava fazendo anteriormente.
O impacto das redes sociais no cérebro varia de pessoa para pessoa e depende de fatores como a frequência e o tipo de uso, bem como a resiliência individual e o contexto social. É importante usar as redes sociais de maneira equilibrada e consciente para minimizar os efeitos negativos e maximizar os benefícios sociais. A grande questão neste caso é o foco e a atenção, que podem se dispersar.
Os processos acima demonstram a complexidade do gerenciamento de interrupções de tarefas no cérebro, destacando a importância de estratégias para minimizar distrações e melhorar o foco, especialmente em ambientes de trabalho e estudo. Nâo é à toa alguns dos males atuais são a distração e a desatenção.
PARA SABER MAIS:
Mensagens, e-mails, notificações: como o cérebro reage às distrações digitais?
Celular é o novo cigarro: como o cérebro reage às notificações de apps e por que elas viciam tanto