O ciclo menstrual e o cérebro

 

Estudos recentes têm revelado uma descoberta fascinante sobre o cérebro feminino: o volume e a espessura de certas regiões cerebrais mudam ao longo do ciclo menstrual. Essas alterações estão intimamente ligadas às flutuações hormonais que ocorrem naturalmente durante o mês7. Esta nova compreensão está lançando luz sobre como os hormônios sexuais podem influenciar não apenas a morfologia cerebral, mas também sua arquitetura funcional.

A pesquisadora Emily Jacobs, neurocientista da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, tem sido uma das pioneiras nesse campo de estudo. Seu trabalho tem se concentrado em mapear as mudanças estruturais no cérebro durante diferentes fases do ciclo menstrual, utilizando técnicas avançadas de ressonância magnética6. Os resultados têm sido surpreendentes, mostrando que o cérebro feminino é muito mais dinâmico do que se pensava anteriormente.

Um estudo conduzido por Viktoriya Babenko, da equipe de Jacobs, examinou 30 mulheres jovens com ciclos regulares durante três fases distintas: ovulação, menstruação e fase lútea média7. As participantes foram submetidas a exames de ressonância magnética e tiveram amostras de sangue coletadas para medir com precisão os níveis hormonais. Os resultados mostraram que concentrações mais altas de estrogênio e hormônio luteinizante estavam associadas a mudanças na substância branca do cérebro, sugerindo uma transferência de informações mais rápida.

Outro estudo publicado na Nature Mental Health focou no hipocampo e nas áreas circundantes do lobo temporal medial, regiões cruciais para funções cognitivas e emocionais7. Os pesquisadores descobriram que o aumento do estrogênio estava associado à expansão do córtex parahipocampal, uma área importante para a codificação e recuperação da memória. Já níveis elevados de progesterona foram relacionados a um maior volume no córtex perirrinal, uma região envolvida no processamento de informações sensoriais e na memória.

Essas descobertas são particularmente significativas porque demonstram como os hormônios podem moldar a estrutura e a função cerebral em curtos períodos. Emily Jacobs destaca que é como se o cérebro estivesse em uma "montanha-russa" a cada 28 dias ou mais, dependendo da duração do ciclo7. Isso sugere que o cérebro feminino possui uma notável plasticidade, adaptando-se constantemente às mudanças hormonais.

É importante notar que essas alterações cerebrais não necessariamente se traduzem em mudanças perceptíveis no comportamento ou na cognição diária. Como aponta Adriene Beltz, professora associada de psicologia da Universidade de Michigan, o próximo passo crucial para a ciência é entender se e como esses efeitos hormonais na estrutura cerebral influenciam o funcionamento do cérebro7.

Estes estudos abrem novas perspectivas para a compreensão da saúde cerebral feminina. Eles não apenas destacam a importância de considerar as flutuações hormonais em pesquisas neurocientíficas, mas também podem ter implicações significativas para o tratamento de condições neurológicas e psiquiátricas em mulheres. À medida que mais pesquisas são conduzidas nesta área, é provável que nossa compreensão do cérebro feminino e sua interação com os hormônios continue a evoluir, potencialmente levando a abordagens mais personalizadas na medicina e na neurociência.

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