Consequências do uso de filtros nas redes sociais

 

O uso excessivo de filtros em imagens de redes sociais tem impactado significativamente a saúde mental e o funcionamento cerebral, conforme apontam estudos científicos. A busca por padrões estéticos irreais, como afinar o nariz ou aumentar os lábios, distorce a autoimagem e alimenta a insatisfação corporal. Um estudo com 650 brasileiros revelou que 93% dos participantes associam a cobrança estética atual à artificialidade dos filtros, enquanto 63% conhecem alguém que evita sair de casa sem editá-los. Essa dinâmica está ligada a transtornos como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares, especialmente entre adolescentes, que buscam validação por meio de uma imagem "perfeita" inatingível, segundo análises do Hospital Santa Mônica e instituições britânicas.

Além disso, os filtros ativam o sistema de recompensa cerebral. Quando combinados com interações como curtidas e comentários, estimulam a liberação de dopamina, neurotransmissor associado ao prazer. Esse ciclo vicioso, semelhante ao de vícios comportamentais, faz com que o cérebro exija estímulos cada vez mais intensos para manter a sensação de recompensa, levando ao uso compulsivo de redes sociais e à insatisfação crônica, como explica a psiquiatra Anna Lembke em Nação Dopamina. Com o tempo, a tolerância neuroquímica aumenta, reduzindo a capacidade de sentir prazer em situações cotidianas.

O impacto também se estende ao desenvolvimento neural. Pesquisas da Universidade da Carolina do Norte (EUA) mostraram que adolescentes que checam redes sociais mais de 15 vezes ao dia desenvolvem hipersensibilidade a feedbacks sociais, tornando-se mais vulneráveis a críticas ou rejeição na vida real. Já estudos da Universidade da Califórnia identificaram redução de massa cinzenta em áreas cerebrais ligadas ao autocontrole e à tomada de decisões em usuários dependentes de redes sociais, padrão similar ao observado em vícios químicos.

Nas relações interpessoais, a priorização de interações virtuais filtradas prejudica conexões reais. Um estudo destacou que 30% dos jovens se sentem mais solitários após usar redes sociais, enquanto 63% evitam encontros presenciais por medo de expor sua aparência real, segundo dados da Secretaria da Saúde do Ceará. A superficialidade das relações online, baseadas em imagens idealizadas, dificulta a construção de vínculos profundos, gerando desconexão emocional.

A exposição constante a conteúdos curtos e hiperestimulantes, como vídeos de 15 segundos no TikTok, também reduz a capacidade de atenção. Conhecida como "Tiktokização", essa dinâmia exige ajustes rápidos e contínuos, prejudicando a concentração em tarefas prolongadas.

Para mitigar esses efeitos, especialistas recomendam limitar o uso de redes sociais com ferramentas como Screen Time (iOS) ou Digital Wellbeing (Android). A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem se mostrado eficaz para tratar distorções de autoimagem e dependência digital, enquanto campanhas de educação digital buscam conscientizar jovens sobre a artificialidade dos filtros e promover a autoaceitação.

Em resumo, embora os filtros pareçam inofensivos, eles remodelam circuitos cerebrais, comportamentos e relações, exigindo moderação e autocuidado para equilibrar benefícios e riscos.

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