Como informar a morte a uma criança?

A morte é a certeza mais misteriosa da vida. Essa contradição a torna tão difícil de ser compreendida, que dirá explicada às crianças. Entender como funciona a mente infantil ajuda a ensinar nossos filhos como lidar e conviver com esse tema

Esse assunto certamente não seria o mais interessante de se abordar, mas infelizmente é necessário a todos. Poupar as crianças da morte ou do conceito de morte achando que são muito pequenas para entender não é o ideal para que cresçam sem medo.

O final de vida, seja ela de uma pessoa querida ou de um animal de estimação só é percebida como algo ruim ou angustiante após os sete anos. Não que as crianças não saibam do fato ocorrido em si, mas o conceito entendido depende da idade. Por isso os adultos são fundamentais para explicar que a morte faz parte do ciclo natural da vida.

Por exemplo, as crianças de até três anos não conseguem perceber claramente que a morte é definitiva e irreversível, mas entendem que não mais brincará com o seu avô ou sua mãe não a levará mais para a escola.

Já as mais velhas percebem que a morte é algo natural e precisam de explicações concretas para entendê-la como a pessoa que morreu não vai mais se mexer, abrir os olhos, falar ou comer. Porém, é a partir dos 12 anos que todo o processo de morte pode ser entendido pela criança.

A morte cerca o nosso mundo e a criança percebe isso. Ela vê, escuta e sabe o conceito do que é acabar. As perguntas sobre a morte iniciam-se por volta dos cinco anos.

Uma oportunidade para começar a falar da morte e ajudar a criança absorver isso como natural é a morte de uma planta ou de uma flor ou até mesmo conversar sobre o animalzinho de estimação que ficou doente e morreu.

Explicar o processo de envelhecimento, principalmente se a criança tiver exemplos como um avô, e o porquê da morte também contribui para o entendimento menos traumatizante.

Outra forma de expor de forma concreta esse acontecimento infeliz é através de livros, que podem auxiliar os pais na hora de conversar com as crianças sobre a morte, contendo palavras simples e de fácil assimilação por parte das crianças.

Fale e ouça a criança

O melhor a se fazer é deixar a criança perguntar o que quiser, encorajando-a a expressar o que sente. Responda a todas as perguntas com palavras simples e frases curtas para que a criança possa entender perfeitamente o processo natural de falência humana.

Uma dica: evite falar que a pessoa dormiu para sempre ou descansou, a criança leva tudo ao “pé da letra” e pode ficar com medo na hora de dormir ou achar que a pessoa que morreu acordará. A expressão “foi fazer uma longa viagem” ou “foi embora” também pode confundir a criança e levá-la a acreditar que todos aqueles que farão uma viagem nunca mais voltarão ou então que a pessoa morta poderá voltar um dia.

Se alguém perto da criança como pais ou avós morrem, a criança não deve ser excluída da experiência da perda como forma de poupá-la. A criança precisa saber da existência da morte, aceitá-la para enfim criar o seu processo de luto. Cada criança mostra o seu luto de diferentes modos e esse processo é fundamental para conseguir passar por esse momento sem criar culpa, medo ou traumas.

O último adeus

O funeral só deve ser assistido pela criança se ela quiser. E não faça com que ela se sinta culpada se não desejar ir. O apoio das pessoas de sua confiança é muito importante. Se a decisão for de ir ao enterro, explique como o será e as cenas tristes que ela visualizará ao seu redor, como a existência do caixão e de pessoas chorando.

Por isso que os pais são essenciais nesse crescimento da criança sem traumas. Se os pais têm medo da morte e tentarem “poupar” o filho, a criança reagirá da mesma forma. Mas se os pais mostrarem com naturalidade o ciclo da vida, a criança lidará com a morte sem problemas.

Fonte: http://guiadobebe.uol.com.br/como-informar-a-morte-a-uma-crianca/

Livros para abordar o tema de forma mais leve e até divertida

- O Pato, a Morte e a Tulipa, Wolf Erlbruch (Cosac Naify): o protagonista é perseguido pela morte desde o nascimento.
 
- Meu Filho Pato e Outros Contos sobre Aquilo de Que Ninguém Quer Falar, vários autores (Cia. das Letrinhas): seis histórias com acontecimentos da vida da criança que ajudam a crescer, como a chegada de um irmão e a perda de alguém muito querido.
 
- Histórias da Cazumbinha, Meire Cazumbá e Marie Ange Bordas (Cia. das Letrinhas): a narrativa é baseada em fatos reais.
 
- Menina Nina, Ziraldo (Melhoramentos): a morte da avó é o ponto de partida dos diálogos.
 
- Não É Fácil, Pequeno Esquilo, Elisa Ramon (Callis): trata de sentimentos como saudade, após o esquilo do título ficar sem mãe.
 
- A Velhinha Que Dava Nome às Coisas, Cynthia Rylant (Brinque Book): "dar nome" é um modo de nos aproximarmos das coisas, inclusive das mais doloridas.
 
- O Dia em Que a Morte Quase Morreu, Sandra Branco (Salesiana): após uma briga, as personagens Vida e Morte permanecem ligadas para sempre.
 
Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/familia/claudia/saiba-como-falar-de-morte-com-as-criancas-sem-criar-confusao-na-cabecinha-delas
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