Os transtornos mentais e os exercícios físicos

Atividade física e transtornos mentais. Existe benefício?

Por Liga Acadêmica de Saúde Mental da Universidade Federal de Uberlândia (LISAM-UFU).

Recentemente, diversas pesquisas vêm evidenciando que a prática de exercícios físicos pode também ter um papel importante no tratamento de muitos transtornos mentais.

Os benefícios antropométricos e metabólicos da prática regular de atividade física já são conhecidos, entretanto pesquisas recentes apontam novos resultados positivos associados à saúde mental. Já se sabe, há algum tempo, que dar aquela corridinha matinal diariamente contribui significativamente para o aumento do volume de sangue circulante e ainda leva a diminuição da barriguinha indesejada. Agora, diversas pesquisas vêm evidenciando que a prática de exercícios físicos pode também ter um papel importante no tratamento de muitos transtornos mentais.

As desordens mentais atingem de 18% a 36% da população mundial. Diante disso, fica claro que devem ser dirigidas forças no sentido de melhorar a qualidade de vida de pacientes com tais enfermidades. Daí a relevância de tais descobertas, pois elas sinalizam uma nova e importante ferramenta de atuação nos transtornos afetivos.

Depressão

A depressão é uma síndrome clínica comum de causa multifatorial e que é caracterizada principalmente por uma tristeza profunda e constante; pode ser desencadeada por problemas psicológicos, problemas emocionais, alterações do funcionamento cerebral e, ainda, ser secundária a outras enfermidades. Além disso, os danos que a depressão causa vão muito além de alterações do humor, pois o transtorno depressivo pode levar a alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas.

A desordem é a quarta principal causa de incapacitação em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e sua presença na sociedade é bem marcante nos quatro cantos do globo, atingindo cerca de 121 milhões de pessoas. Diante disso, a necessidade de melhora das formas de tratamentos existentes se torna muito maior.

Três revisões sistemáticas, realizadas recentemente, confirmam o potencial benéfico do exercício físico no tratamento da Depressão. Pesquisas atuais afirmam que os exercícios físicos têm forte efeito sobre ela, diminuindo seus sintomas (Rethorst et al). Outros estudos acrescentam que tanto os exercícios de fortalecimento muscular quanto os exercícios aeróbicos são eficazes na redução dos sintomas depressivos (Rimer et al) e afirmam, ainda, o grande impacto que a caminhada tem sobre o transtorno (Robertson et al).

Um estudo realizado no Centro para Pessoas com Doença de Alzheimer do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ) e no Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC/UFRJ), observou a aplicação de exercícios aeróbicos, de exercícios de força e de exercícios de baixa intensidade em 52 idosos com Depressão Maior. Após três meses, foi possível observar redução significativa dos sintomas depressivos tanto para o grupo ‘exercícios aeróbicos’, quanto para o grupo ‘exercícios de força’, enquanto o grupo ‘exercícios de baixa intensidade’ não apresentou resultados significativos. Visto isso, é importante ressaltar que os exercícios físicos para o tratamento da depressão devem ser estimulados em todas as idades.

Esquizofrenia

A esquizofrenia atinge 1% da população, segundo a OMS. Em qualquer que seja a prevalência, o transtorno é muito grave por causar períodos de perda total do contato com a realidade. Ter a prática de exercícios físicos como aliada ao tratamento farmacológico da Esquizofrenia é sugerido por diversos estudos. A primeira revisão sistemática a respeito do efeito dos esportes na vida dos pacientes foi publicada em fevereiro deste ano, e foi realizada por uma equipe de profissionais liderada por Andrew Soundy, professor de fisioterapia na Universidade de Birmingham, Reino Unido. A revisão mostrou que os exercícios minimizam os sintomas do transtorno, além de trazer outros benefícios a saúde (dentre eles, ganhos em volume no cérebro, especialmente, no hipocampo).

Transtorno Bipolar

O Transtorno Bipolar, que acomete 8% da população mundial, pode ser definido, simplificadamente, como uma condição em que o indivíduo alterna períodos de muito bom humor (mania) e estados depressivos. Pode-se dizer que o indivíduo com Transtorno Bipolar vive em uma montanha-russa, e qualquer forma de melhorar a qualidade de vida desses pacientes é bem-vinda.

As pesquisas que analisaram a relação entre atividade física e Transtorno Bipolar são escassas, mas também demonstraram que exercícios físicos ajudam a diminuir a ansiedade, a depressão e o estresse em pacientes afetados, de acordo com o estudo de revisões sistemáticas liderado por Robert Stanton, da Universidade Central de Queensland, Austrália. Porém, cuidado com os excessos! A atividade física muito intensa pode resultar em exacerbação do estado de mania ou do estado depressivo. Em função disso a prática deve ser adotada moderadamente.

Equipe uni ou multidisciplinar?

Os benefícios que os exercícios físicos trazem a saúde mental são nítidos. Todavia, é preciso que a prática dos mesmos seja acompanhada por profissionais qualificados. A relação positiva entre a prática de atividade física e o tratamento de transtornos mentais torna importante que os profissionais de saúde compreendam a necessidade do trabalho interdisciplinar que deve ser feito com seus pacientes.

Não basta o paciente tomar remédios e ser acompanhado pelo médico. É necessária a formação de uma equipe multidisciplinar, que inclua outros profissionais, como fisioterapeutas e educadores físicos, sendo notórios os benefícios resultantes. Só assim será possível atribuir ao indivíduo uma assistência integral e alcançar o objetivo final: garantir qualidade de vida e atenuação de sintomas dos transtornos mentais por meio da atividade física. 

Fonte: http://meucerebro.com/atividade-fisica-e-transtornos-mentais-existe-beneficio/

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