Cuidando da saúde mental na gravidez

É preciso também cuidar da saúde mental na gestação e no puerpério

O stress, ansiedade e/ou a depressão pré e pós-natal, podem causar prejuízos de ordem orgânica, comportamental e/ou mental, ao longo do ciclo gravídico puerperal na mulher (gestante, puérpera) e/ou nos seus descendentes (de feto a sujeito).

Faz-se importante a implementação de programas de prevenção de adoecimento mental, no ciclo gravídico puerperal, a fim de diminuir e evitar os riscos a saúde materno infantil. O puerpério é o período que vai do nascimento do bebê até aproximadamente seis meses, a puérpera, portanto, é a mulher que teve bebê ha menos de sete meses.

Segundo o dicionário on line Priberam da língua portuguesa Prevenir é: 1. Dispor de antemão, preparar; precaver. 2. Avisar, informar, advertir. 3. Tratar de evitar, acautelar-se contra; livrar-se de. 4. Evitar; impedir. 5. Predispor favorável ou desfavoravelmente. 6. Dispor-se. 7. Precaver-se, precatar-se.

A prevenção da doença e a proteção da saúde têm estado presentes, ao longo dos séculos, na evolução da medicina e do pensamento médico. Os cuidados antecipatórios incluem três níveis, distintos, de intervenção preventiva: prevenção primária, secundária e terciária.

Prevenção primária

Entende-se por prevenção primária, toda a intervenção efetuada, na ausência de doença e de sintomas, com a finalidade de prevenir a sua ocorrência.

Prevenção secundária

Entende-se por prevenção secundária toda a intervenção efetuada na presença de doença diagnosticável, porém sem sintomas, com a finalidade de detectar precocemente e, através do tratamento efetivo, reverter, deter ou, pelo menos, retardar o seu progresso, antes de ocorrerem danos irreversíveis.

Prevenção terciária

Entende-se por prevenção terciária, toda a intervenção efetuada na presença de doença diagnosticada com sinais e sintomas, com a finalidade de minimizar os efeitos da doença sobre a funcionalidade do indivíduo, de melhorar ou manter a qualidade de vida e de prevenir as complicações e a deterioração prematura.

O modelo de saúde brasileiro, muitas vezes, tem sido um modelo de prevenção terciária. Um país pobre, com uma saúde precária, necessitando de muitos recursos econômicos. É preciso que o modelo de prevenção primária seja o modelo principal a ser utilizado, além de que haja uma política forte de promoção da saúde em nosso país.

Em relação à saúde na gestação, nosso país trabalha muito ainda na direção do conhecimento médico específico, deixando a área da saúde mental muito aquém do que deveria ser. O pré-natal médico é realizado em todo país, entretanto o pré-natal psicológico ainda é uma área desconhecida tanto pelo público leigo quanto para os próprios profissionais da saúde, este fato deve-se a nossa cultura, de que apenas o modelo biomédico é o certo, o correto ou até mesmo existente.

A saúde mental ainda sofre muito preconceito por parte não só da população, como também dos profissionais da saúde em geral, onde, o encaminhamento para o psiquiatra ou psicólogo só é realizando quando o individuo se encontra em profundo momento de crise.

O modelo de promoção da saúde mental ou prevenção primária de transtorno ou doença mental ainda está muito longe do que se deveria de fato acontecer.

A saúde mental da gestante não é avaliada no pré-natal médico, sendo este um agravante para a saúde materno-infantil, no Brasil é raro encontrar postos de saúde ou hospitais que ofereçam o pré-natal psicológico, desta forma apenas as condições biológicas da gravidez são avaliadas deixando de lado as condições mentais desta mulher, podendo ocasionar implicações não só para a gestante, como também, para o feto.

Uma vez que sabemos que o stress na gestação está presente em mais de 80% das gestantes e que os transtornos do humor não são raros nesta fase do ciclo vital, sendo a depressão pós-parto em mulheres brasileiras mais frequentes que a porcentagem mundial que é de 10% a 15%, chegando no Brasil a porcentagens de 19% a 37%, e as consequências que tais transtornos podem trazer para a saúde, tanto da mãe/gestante quanto do bebê/feto, não é mais possível e aceitável que medidas de prevenção de psicopatologias no período perinatal, ainda não seja uma prática comum, em nosso sistema de saúde direcionados à esta população.

Já é sabido que a maternidade é um período potencial para o desenvolvimento de crise, mas parece que a maioria dos profissionais da saúde, tem negligenciado este fato, a fase onde mais há ocorrências de internações e desencadeamento de problemas psiquiátricos em mulheres, é durante a gravidez e pós-parto.

O ideário de que a maternidade é uma fase “linda e maravilhosa” na vida das mulheres, pode ser um dos fatores que contribuem para esta negligencia por parte dos profissionais da saúde.

O mito que foi criado historicamente em torno da maternidade, como sendo uma “Benção de Deus”, “O desejo de toda mulher”, entre outros, faz com que a própria gestante ao ter sentimentos hostis em relação a gravidez, ou em relação ao próprio bebê que espera, sinta um forte sentimento de culpa, o que pode levar ao desenvolvimento do stress, principalmente se a mulher já é mãe e engravida novamente, em um momento não apropriado.

Este ideário construído coloca em risco a saúde da gestante, e a do bebê, pois, os próprios profissionais da saúde, não estão preparados para ouvir que ela não está feliz com a gravidez naquele momento, ou qualquer outro evento desagradável que possa ter ocorrido. Muitas são mal compreendidas pela equipe que a atende.

É de máxima importância e urgência que o atendimento à gestante ganhe nova atenção. Já é sabido que o ciclo gravídico puerperal é marcado por alterações emocionais, características desse período, no entanto, há possibilidade de desencadear transtornos psíquicos significativos comprometendo a saúde mental da mulher.

A fase de gestação, é um período potencial para o desenvolvimento de crise, existe um número alto de pesquisas que apontam porcentagem considerável de mulheres que apresentam transtornos psiquiátricos nesta fase do desenvolvimento.

Havendo tantas pesquisas, nacionais e internacionais apontando números alarmantes de mulheres com a saúde mental comprometida, durante o período gestacional, não é mais possível e aceitável que não se faça um acompanhamento psicológico da grávida. Sem com isso querer patologizar a gravidez, uma vez que gravidez não é doença, mas é um momento em que é necessário um cuidado especial.

Só por meio do pré-natal médico e psicológico, é que se poderá prevenir, os riscos a saúde materno-infantil, tais como; o nascimento prematuro, abaixo do peso, complicações obstétricas, atrasos no desenvolvimento infantil, ansiedade e ou depressão pós-parto, psicose puerperal, entre outros.

Pesquisas sugerem que medidas de prevenção como o oferecimento de programas de atenção à gestante e apoio psicossocial, poderiam, minimizar os problemas mentais decorrentes da gravidez, contribuindo para uma vivência mais saudável da gestação, prevenindo perturbações obstétricas e patológicas, para a mãe e bebê. 

Fonte: http://psicoperinatal.blogspot.com.br/2011/05/e-preciso-tambem-cuidar-da-saude-mental.html

Para Saber Mais:

Joanna Wilheim - O que é psicologia pré-natal – Ed. Casa do Psicólogo

 

BIGTheme.net • Free Website Templates - Downlaod Full Themes