Ter senso de humor é bom ou não?

Estudos relacionam humor e imunidade

Em artigo publicado na revista científica American Journal of Nursing (2001), Charlene Pattillo e Joanne Itano, enfermeiras especialistas em oncologia, revisaram estudos que mostravam, entre outras coisas, que os níveis de imunoglobulina A salivar — um anticorpo que auxilia no combate a doenças respiratórias — foram elevados após os pacientes serem submetidos a filmes de humor. De acordo com estudo, o riso aument aria os níveis de interferon gama, uma proteína natural produzida pelas células, que inibe a replicação de vírus. Aos benefícios fisiológicos do riso inclui a formação espontânea de linfócitos denominados natural killers (exterminadores naturais) que se engajam contra células formadoras de tumores, assim estimulam respostas imunitárias mais eficientes.

Os mentores da Universidade da Yoga do Riso (Índia) defendem que os exercícios dessa terapia podem ser bons para uma série de problemas do aparelho digestivo. Um deles é a síndrome do intestino irritável, que é um distúrbio funcional do órgão, sem causa anatômica ou lesões, provocador de incômodos, como gases, dores abdominais e diarreias, especialmente em momentos de estresse. Quem apresenta a síndrome poderia se beneficiar: a técnica movimenta os órgãos internos, equilibrando as irregularidades advindas de uma alimentação descontrolada. Por sua ênfase ser na respiração diafragmática, ela oxigena completamente o corpo e o livra de toxinas e resíduos que têm impacto sobre a síndrome.

“O estresse e a tristeza causam aumento da produção do hormônio noradrenalina. Ele instabiliza o revestimento interno dos vasos sanguíneos, provoca inflamações, facilitando o depósito de gorduras e a obstrução dos mesmos; aumenta a frequência cardíaca e estimula a ocorrência de arritmias em indivíduos predispostos”, avisa Denise Hachul, cardiologista e diretora da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). Segundo a especialista, o bom humor antagoniza esses efeitos. “Há teorias de que o riso provoca relaxamento muscular e, momentaneamente, uma espécie de ‘desligamento mental’ dos problemas, como também ocorreria na meditação”.

Com efeitos que remetem ao estado meditativo e sendo uma via complementar, a terapia do humor se aliou, na última década, a um dos maiores legados de bem-estar da cultura indiana, a ioga. A modalidade é conhecida por “ioga do riso” e promete promover benefícios sem necessitar de uma situação cômica ou um objeto que leve à gargalhada (uma careta, um livro de anedotas, uma comédia teatral etc.). Em uma sessão de 30 minutos, são combinados exercícios de respiração da ioga tradicional com catarses de risadaria estimuladas por um mentor. Depois de alguns “riri- ris e ra-ra-ras”, a gargalhada contagia todo mundo.

A imunologista Ana Paula Castro, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), diz que o desânimo é, realmente, fator que pode comprometer as defesas do corpo. “Sabemos que quadros de depressão e de estresse emocional são facilitadores do aparecimento de infecções”, ela destaca. Um exemplo disso é o vírus do herpes. A queda das defesas faz que ele volte a aparecer, já que o estresse promove um microambiente no qual se produzem ou se deixa de produzir determinadas substâncias estimuladoras do sistema imunológico. Nesse sentido, manter seu humor sempre elevado o ajudará a diminuir os níveis de cortisol e adrenalina – outro hormônio ligado ao estresse.

“Para os pacientes em tratamento, a mudança do comportamento fechado e carrancudo para o bem-humorado e alegre auxilia com resultados expressivos”, conta o cardiologista Fernando Costa, da beneficência Portuguesa (São Paulo). Para ele, uma mais abundante produção de endorfina (o hormônio do prazer) é uma das maiores vantagens de quem está feliz da vida: ela promove o controle da pressão arterial, a vasodilatação e a melhora da chegada de sangue aos diversos tecidos.

“Em razão de o riso aumentar a capacidade dos pulmões e os níveis de oxigênio no sangue, alguns participantes relataram uma reduzida frequência de ataques asmáticos e diminuição do uso de nebulizadores”, informa Gita Suraj-Narayan, defensora da ioga do riso e professora da universidade de Kuazulu-Natal (África do Sul), em relação ao estudo realizado por ela com pessoas que, além de problemas respiratórios, sofriam de estresse, diabetes, pressão alta e depressão. 

Fonte: http://www.altosestudos.com.br/?p=52148

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