Escrever ou digitar? Eis a questão!

A importância de escrever à mão

Apesar dos e-mails, mensagens de texto e computadores estarem praticamente enraizados em nossa cultura atual, ter uma boa habilidade de escrita manual ainda é necessário. Dominar as habilidades de escrita ainda deve ser um padrão de ensino fundamental básico.

Escrever à mão sempre foi parte essencial da cultura e da formação dos indivíduos. Mesmo com toda a tecnologia disponível, é imprescindível ter o hábito de usar papel, lápis e caneta.

Escrever à mão envolve vários sentidos, além de ativar uma ligação direta com o cérebro, que recebe um feedback das ações motoras juntamente com a sensação do toque do lápis e do papel para depois nossa visão reconhecer a letra caligrafada. E essa escrita é fundamental para o desenvolvimento das crianças.

A ciência mostra que a escrita à mão também desenvolve músculos, articulações e que a caligrafia individual pode revelar distúrbios nervosos em estágio inicial. Inclusive, é possível distinguir cada um dos alunos pela sua caligrafia e até perceber a personalidade de cada um, tal como sua concentração e estado emocional.

Um fato curioso é que os jovens dessa geração podem produzir horas de textos em blogs, internet, redes sociais e trocando mensagens. No entanto, a grande maioria demonstra dificuldade em escrever à mão, tal como produzir diferentes tipos de textos e redações.

O renomado pesquisador educacional da Vanderbilt University de Nashville, Tenesse Steve Graham, defende que escrever à mão tem um papel fundamental no processo de aprendizagem. Em suas experiências de Pesquisa, fez com que um grupo de estudantes tivesse aula de redação três vezes por semana. Ao final do curso, constatou-se que esses alunos escreviam com mais rapidez e expressavam suas ideias com mais facilidade e clareza do que os outros estudantes. Outro fator reconhecido nos estudos é o de que a probabilidade do indivíduo lembrar-se do que escreve no tablet ou computador é inferior a de quando escreve em num bloco de papel.

A memória e a criatividade têm uma relação direta com o movimento da escrita!

Existe um estudo cujo título é bastante sugestivo para essa temática “The Pen is Mightier than the Keybord” (A caneta é mais poderosa que o teclado), o que não deixa de ser uma verdade. Raciocínio e memória também são habilidades trabalhadas com a caligrafia.

Outro benefício da escrita à mão, também comprovado cientificamente, está relacionado ao aprendizado de novos idiomas. Essa ação torna-se mais simples e efetiva quando o aluno memoriza a forma da letra juntamente com a pronúncia e o respectivo movimento da mão.

Portanto, é cientificamente comprovado que a aprendizagem está diretamente relacionada às atividades motoras, seja escrever, pintar, colorir, desenhar e até fazer trabalhos manuais. Todos esses são exercícios fundamentais para treinar as redes neuronais do cérebro.

Por isso, é importante que as múltiplas inteligências e as habilidades decorrentes delas sejam estimuladas durante as propostas de aprendizagem. Elas possibilitarão o desenvolvimento das sinapses cerebrais, preparando e conscientizando o aluno para um mundo repleto de novas tecnologias onde o novo e o velho não são necessariamente excludentes, mas sim complementares.

Esse é um grande desafio em Sala de Aula. Conforme abordado em textos anteriores, a tecnologia nos coloca em um mundo de muitas possibilidades, o que facilita nosso dia a dia. Mas, mesmo com toda essa tecnologia disponível, a prática de escrever à mão é importante e deve ser incentivada nos alunos desde a fase de alfabetização até o Ensino Médio.

Lourdes Atié, socióloga e consultora pedagógica da Faber-Castell, afirma que “O uso de novas tecnologias como material auxiliar durante o estudo traz resultados interessantes, mas não deve substituir canetas, lápis e cadernos para não prejudicar o desenvolvimento das crianças em atividades que envolvam escrita, leitura, raciocínio e memória”. “Atividades de escrita, desenho e pintura são fundamentais para o desenvolvimento da criança”, reforça Lourdes.

Mas como fazer para incentivar o aprendizado e prazer pela escrita à mão na era do teclado?

Vejam algumas ideias para incentivar os alunos:

Escolha uma letra do alfabeto para a prática e, em seguida, peça que os alunos escrevam um trava-língua com essa letra. Vocês podem pesquisar alguns existentes ou sugerir a criação de novos, o que deve virar uma grande brincadeira.

Deixe disponível em sala um convidativo centro de escrita. Nele, disponibilize lápis coloridos, canetas e canetinhas, além de papéis com variadas cores, texturas e formatos, incluindo artigos de papelaria diversos como etiquetas e selos por exemplo.

Alguns colégios solicitam que os alunos entreguem aos professores uma cópia do texto manuscrito antes da versão digital, para garantir que eles pratiquem a caligrafia.

E aproveitando o sucesso de livros com características de diários, uma alternativa bastante significativa para desenvolver no grupo o hábito e dedicação frequente para a produção de texto, é convidá-los a escreverem um. 

Fonte: http://educacao.faber-castell.com.br/professores/trocando-ideias/

Para aprender, à mão é melhor

Estudo das universidades de Princeton e da Califórnia mostra que escrever à mão garante maior e melhor memorização e compreensão da informação do que teclar no computador.

Por: Cássio Leite Vieira

Os estudantes foram avaliados nos quesitos memória, entendimento, capacidade de síntese e de generalização. Os que tomaram nota à mão se saíram melhor.

O signatário da seção Mundo de Ciência da revista Ciência Hoje é velho o suficiente para ter visto a passagem da máquina de escrever para o computador nas redações de jornais e revistas e a posterior (e triste) substituição do charmoso bloquinho de repórter pelos teclados dos laptops pela nova geração de jornalistas. Agora, artigo mostra que há pelo menos uma vantagem em ser ‘das antigas’: escrever à mão é melhor que teclar quando o assunto é memorizar informação e garantir um aprendizado de mais alta qualidade.

A troca da escrita pelo ato de teclar também vale para estudantes. Em salas de aulas – e também nas coletivas de imprensa – laptops abundam. Certo, eles têm muitas vantagens quando comparados à velha caneta esferográfica ou ao quase hoje primitivo lápis – dá saudade ver aquelas antigas redações de filmes de Hollywood com os repórteres carregando, na orelha, os lápis amarelos com ponta de borracha e sacando-os imediatamente para anotar o ‘furo’ do dia nos… bloquinhos de reportagem.

Quem toma nota à mão aprende mais e melhor

Agora, pesquisa de Pam Mueller, da Universidade de Princeton (EUA), e Daniel Oppenheimer, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA), mostra que quem toma nota à mão aprende mais e melhor. Para chegar a esse resultado, eles dividiram estudantes em dois grupos: os que anotavam à mão e os que o faziam com laptops. Ao final, os dois grupos – que assistiram a aulas sobre biologia, religião, bioquímica, matemática, economia etc. – foram julgados nos quesitos memória, entendimento, capacidade de síntese e de generalização.

Os voluntários que anotaram à mão – apesar de terem perdido no que diz respeito à quantidade de dados registrada – acabaram se saindo melhor nos itens acima. Os resultados estão em Psychological Science. E o início do título é criativo: ‘A caneta é mais poderosa que o teclado’.

Fazer sem pensar

Por quê? Mueller e Oppenheimer acreditam que escrever à mão requer um processo cognitivo distinto do envolvido em teclar. Segundo eles, quem anota manualmente tem que ouvir, digerir e resumir a informação, pois não se tem a velocidade obtida ao se datilografar. E assim se captura a essência do conteúdo, obrigando o cérebro a se esforçar, o que aumentaria a compreensão e a retenção dos dados.

Ao se teclar, o cérebro não processaria o significado da informação, pois a velocidade da datilografia não deixaria muito tempo para se elucubrar sobre o conteúdo daquilo que se anota. Ou seja, teclar é algo, digamos, robotizado. Ou, como se diz popularmente, ‘fazer sem pensar’, ‘ligar no automático’.

Os voluntários que teclaram registraram maior quantidade de dados, mas não foram capazes de elucubrar sobre o conteúdo daquilo que digitaram. 

E se… fosse pedido aos estudantes que usassem laptops para que pensassem sobre o que anotavam, tomando notas com as próprias palavras, em vez de copiar literalmente o que o professor dizia? De novo, os que escreviam à mão foram melhor nos testes.

E se… os dois grupos fossem testados sobre os conhecimentos uma semana depois da aula, podendo estudar a partir das anotações? Mais uma vez, vitória para os que tomaram notas à mão.

Para os autores, os que escrevem à mão acabam, com as próprias palavras, recriando o contexto, fazendo observações auxiliares, sínteses, conexões, conclusões pessoais etc.

E deveria contar também o aspecto visual das anotações, como flechas, interrogações, exclamações, grifos, rabiscos, desenhos etc.? Mueller, em entrevista à CH, diz que outros estudos na mesma linha sugerem que essa estratégia é benéfica. “Qualquer coisa que force você a relacionar e rearranjar o material certamente irá ajudar”, disse a pesquisadora.

Outras distrações

Os computadores usados pelos alunos no experimento não estavam conectados à internet. Isso quer dizer que não havia distrações que tiram, como já mostraram estudos, a atenção dos estudantes nas aulas (correio eletrônico, mensagens, novidades em páginas de comunidades sociais etc.).

May: “Mesmo quando a tecnologia nos permite fazer mais em menos tempo, ela nem sempre melhora o aprendizado”

Cindi May resumiu bem os resultados, em reportagem na Scientific American.  “A pesquisa de Mueller e Oppenheimer serve para nos lembrar que, mesmo quando a tecnologia nos permite fazer mais em menos tempo, ela nem sempre melhora o aprendizado.”

Adendo: vai aqui observação sem significância estatística – pois baseada na observação de um só pré-adolescente –, mas talvez pertinente: as crianças de hoje aprendem primeiro a teclar e depois a escrever à mão – esta última atividade tornou-se algo de que eles parecem não gostar e que lhes imputa caligrafia indecifrável. São capazes de passar horas e horas teclando, mas queixam-se de dor nas mãos ao ter que escrever mais do que 10 linhas para uma tarefa escolar. 

A escrita à mão vai acabar? Cartas à redação, por favor.

Fonte: http://www.escolasp.com.br/fique-ligado/ 

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