O álcool e a gestação

Síndrome alcoólica fetal

Por Carolina Schwartz

O espectro de desordens fetais alcoólicas (FASD) é um termo utilizado por especialistas para descrever uma série de problemas no bebê relacionados ao consumo de álcool durante a gravidez.

A consequência mais grave do álcool é a síndrome alcoólica fetal (SAF), uma condição caracterizada por baixo crescimento (tanto no útero como depois do nascimento), feições do rosto anormais e danos ao sistema nervoso central. 

Isso porque o álcool contido em vinhos, cervejas, cachaças, drinques com frutas, uísque e outras bebidas passa facilmente através da placenta para o feto em desenvolvimento. Até crianças que nascem aparentemente bem podem vir a ter, anos depois, problemas ligados ao consumo de álcool materno.

Acredita-se que a SAF e esses outros transtornos afetem cerca de 40 mil crianças por ano em todo o globo, mais do que a síndrome de Down, distrofia muscular e espinha bífida somadas, segundo a organização não-governamental The National Organization on Fetal Alcohol Syndrome (Nofas).

"Há uma estimativa de que um em cada cinco casos de deficiência mental no mundo seja causado pelo álcool" ingerido pela gestante, diz Dartiu Xavier da Silveira, co-fundador e coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo.

Em muitos casos, as mães não conversam com os obstetras sobre seus hábitos de beber e nem com os pediatras depois que os filhos nascem, o que complica ainda mais a situação dessas crianças e as perspectivas de tratá-las da melhor maneira possível.

Características da síndrome alcoólica fetal

Bebês nascidos com a síndrome costumam apresentar malformações na face (lábio superior bem fino, nariz e maxilar de tamanho reduzido, por exemplo -- veja aqui uma ilustração), microcefalia (cabeça menor que a média), anormalidades cerebrais (apresentando falta de coordenação motora e distúrbios de comportamento, até retardo mental), malformações em órgãos como rins, pulmões e coração.

Quando vão para a escola geralmente enfrentam dificuldades de aprendizado, memorização e atenção.

"As dificuldades de aprendizagem geram problemas muito abrangentes para o futuro da criança. A repercussão é para a vida toda. Elas acabam com menos oportunidades profissionais, de manter relacionamentos afetivos ou fazer amizades", afirma Hermann Grinfeld, pediatra com mais de 40 anos de experiência e pesquisador dos efeitos do consumo de álcool na gravidez.

Crianças que se encontram no chamado "espectro" dos distúrbios provocados pelo álcool podem ter alguns dos problemas descritos acima, porém não chegam a preencher todos os requisitos para classificá-los como tendo a síndrome -- o que nem por isso é menos sério para o seu desenvolvimento.

Existe alguma maneira de prevenir a síndrome?

Sim, a única forma de impedir que seu filho venha a sofrer da síndrome é não consumir bebidas alcoólicas na gestação inteira. O álcool pode causar danos logo nas primeiras semanas de gravidez, principalmente no cérebro do bebê.

Pode até parecer exagero, mas os cuidados com um bebê começam muito antes do nascimento, das noites em claro e das trocas de fraldas sujas.

A verdade é que desde o momento em que pensa em ter um filho, uma mulher precisa preparar seu corpo a fim de ter as melhores chances de gerar uma criança saudável e com todas as possibilidades de crescer feliz e sem limitações físicas ou psicológicas.

"A futura mãe precisa pensar que a gravidez é só o começo da história com aquele filho e tem que decidir como vai ser a relação com ele no futuro. O álcool afeta esta relação para sempre", diz a psicóloga Mônica Lazzarini Ferreira Valente, coordenadora de ações e projetos da Associação Parceria contra Drogas.

"Às vezes é difícil não beber, mas é possível e vale por amor a um filho", acrescenta.

E seu eu bebi sem saber que estava grávida?

Não entre em pânico e já fique achando que causou problemas irreversíveis ao feto. Pare imediatamente, porque isso diminuirá as chances de o bebê vir a sofrer alguma consequência do consumo de álcool.

Procure também conversar abertamente com seu médico se achar que está tendo dificuldades para se abster das bebidas, porque ele pode orientá-la ou recomendar algum tipo de ajuda especializada.

"O prejuízo de não falar sobre álcool para o médico é muito maior que a vergonha ", observa Mônica.

Os profissionais costumam fazer algumas perguntas básicas para poder determinar se existe abuso de álcool, muitas vezes sem a própria mulher se dar conta. Não tenha vergonha de se expor ou de ser julgada, já que a função dos médicos é justamente estar a seu lado em busca de uma vida saudável para você e seu bebê.

Peça também a colaboração de seu companheiro e de pessoas próximas para que não bebam por perto, assim você não passa vontade. Muitas vezes é necessário ainda se afastar de um grupo que bebe demais e com o qual toda a diversão é somente liga ao consumo de álcool e nada mais. Aprenda a fazer alternativas saudáveis às suas bebidas preferidas. 

Fonte: https://brasil.babycenter.com/a3500005/s%C3%ADndrome-alco%C3%B3lica-fetal#ixzz4rzhvLz4l  

Para saber mais: http://nova.sbp.com.br/gravidezsemalcool

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