O que é analfabetismo emocional?

 

O analfabetismo emocional: quando o nosso cérebro não tem coração

Por Valeria Sabater 

Há muitas pessoas que sofrem de analfabetismo emocional. Elas são proficientes em dominar múltiplas competências, têm inúmeros títulos e mestrados, mas possuem o mesmo gerenciamento emocional de uma criança de três anos de idade. Este aprendizado não vem de fábrica e querendo ou não, é uma questão sempre inconclusa à qual deveríamos dedicar mais os nossos recursos.

A maioria de nós sabemos quais são os princípios da boa saúde física, a saber: uma dieta equilibrada e tão natural quanto possível, algum exercício, dormir todas as noites entre 7 e 9 horas e realizar exames médicos regulares para garantir que tudo vá bem. 

No entanto, se há algo que negligenciamos de forma alarmante é o que está entre nossos ouvidos: o cérebro. Não estamos nos referindo ao conjunto de células nervosas, estruturas e circunvoluções. É necessário concentrar a atenção aos indicadores de nossa saúde emocional, isto é, na capacidade de sentir a vida e nossos relacionamentos, no estado da faculdade de entender, controlar e modificar nossos estados psíquicos e o dos outros.

O ser humano é muito mais do que uma série de competências linguísticas, matemáticas ou tecnológicas. Somos, acima de tudo, seres sociais e emocionais, dimensões que muitas vezes são negligenciadas e até mesmo subestimadas nas instituições educacionais. Porque, admitamos, pouco vai nos servir saber como resolver uma equação de segundo grau se não pudermos, por exemplo, comunicar-nos efetivamente e simpatizar com aqueles que nos rodeiam. 

O que é analfabetismo emocional?

Sabemos que o termo “analfabetismo” tem uma conotação negativa. No entanto, não podemos chamar de outro modo uma realidade psicossocial mais que evidente. Vamos dar um exemplo, hoje em dia há muita conversa sobre a figura de líderes transformadores. Das pessoas capazes de energizar uma organização graças ao seu bom tratamento de inteligência emocional e motivação, seu dom para produzir impacto sobre os outros e criar ambientes onde as pessoas possam usar sua criatividade.

Às vezes, se vendem ideias que, na realidade, brilham pela ausência. Assim, é bastante comum encontrarmos gestores ou líderes empresariais incapazes, não só para incutir inspiração nos outros, mas sem capacidade de controlar suas emoções, frustração e raiva. Eles são como as crianças de 3 anos de idade chateadas por não conseguirem o que eles desejam, totalmente situados no tipo de pensamento egocêntrico definido por Piaget.

Vejamos quais são as dimensões caracterizam o analfabetismo emocional. 

  • Incapacidade de entender e manejar as próprias emoções.
  • Dificuldade para entender os outros.
  • Essa falta de autoconsciência emocional muitas vezes os coloca em áreas muito sensíveis. Eles reagem excessivamente a qualquer problema, sentem-se sobrecarregados e superados ante qualquer dificuldade, seja pequena ou grande.
  • Eles não simpatizam, são incapazes de se olhar nos olhos dos outros, para entender realidades diferentes da deles.
  • Suas habilidades sociais são muito rígidas e, embora às vezes elas possam se desenvolver, elas não têm sensibilidade, assertividade e essa proximidade autêntica com a qual criar vínculos significativos e não apenas relacionamentos motivados pelo interesse pessoal.
  • Por outro lado, os custos do analfabetismo emocional podem ser enormes: o pensamento polarizado, a repressão, o racismo ou o sexismo, o narcisismo, a necessidade obsessiva de terem razão.

Além disso, há um fato não menos importante que deve ser lembrado. O analfabetismo emocional, isto é, a falta de recursos psicológicos e mecanismos emocionais com os quais gerenciar melhores dimensões, como tristeza, raiva, medo ou desapontamento, nos torna ainda mais vulneráveis a uma série de transtornos mentais.

Assim, condições como depressão ou estados de ansiedade crônica são muito comuns em perfis com pouca ou nenhuma habilidade para gerenciar melhor esses estados internos. 

A importância da educação em inteligência emocional.

Sabemos que já é quase um slogan: “devemos educar para a inteligência emocional”, devemos treinar nessas habilidades, sermos mais aptos nas questões emocionais. Nós já ouvimos isso, lemos livros, fizemos cursos e dizemos sim com nossas cabeças sempre que nos lembramos da importância de ter uma maior competência nesta habilidade. 

No entanto, as lacunas seguem existindo. Assim e ainda que em alguns currículos educacionais de certas escolas este objetivo já apareça, não podemos ignorar algo igual ou mais importante. Antes que os professores treinem as crianças no domínio de seus pensamentos e emoções, eles deveriam ser treinados previamente para as habilidades emocionais. 

Muitas vezes, nós chegamos a nossa etapa adulta com um mundo de inseguranças. Nós também acordamos todos os dias conscientes de que nos faltam ferramentas para dominar nossas emoções, bem como certas habilidades para enfrentar melhor as adversidades. Desta forma, se não começarmos, em primeiro lugar, tendo a autoconsciência do nosso analfabetismo emocional, dificilmente teremos talento para motivar os pequeninos, capacitá-los na empatia, na assertividade ou nas habilidades sociais.

Uma boa “alfabetização emocional” nos traz grandes benefícios. Assim, algo que aprenderemos, em primeiro lugar, é que cada emoção tem seu espaço e sua utilidade, que a diferenciação entre emoções “negativas” e “positivas” nem sempre é precisa, porque, na realidade, aqueles estados que muitas vezes evitamos sentir tanto quanto tristeza ou desapontamento, têm seus espaços de conhecimento, sua utilidade e seu valioso significado.

Das emoções, portanto, não se foge, é preciso encará-las para saber o que elas querem nos dizer. É uma boa maneira de autoconhecimento que nos dota de fortalezas, que oferece um prisma maior ao nosso olhar e mais flexibilidade. Portanto, não desprezemos ou nos apartemos da necessidade de estarmos “atualizados” em matéria de emoções. Vamos cuidar desses mundos interiores para saber reconhecer, expressar, gerenciar e transformar os sentimentos para que eles sempre estejam a nosso favor e não contra.  

Fonte: https://lamenteesmaravillosa.com/analfabetismo-emocional-cuando-a-nuestro-cerebro-le-falta-corazon/

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