Documentário Loteamento clandestino
Este filme nasceu para ser um instrumento pedagógico de corte paulofreyreano, em 1978. Pretendia explicar aos compradores de loteamentos ilegais porque não eram donos formais de seus lotes após comprar e pagar a imobiliárias que os vendiam em plena luz do dia. Milhares de famílias que não cabiam no mercado formal e, portanto, sem alternativas acabavam nas mãos dessas imobiliárias. A maior parte delas estava situada em área de proteção dos mananciais longe dos olhos do urbanismo que se praticava nos governos. Muitos de nós estávamos militando nas comunidades eclesiais de base da igreja católica nas periferias de São Paulo. Em plena ditadura tínhamos um guarda chuva. Simulamos, por meio de um teatro, o papel do loteador e da prefeitura. Os atores eram lideranças que despontavam nos movimentos sociais urbanos locais (Joana, Efraudísio, por exemplo) e companheiros egressos da luta contra a ditadura como Amilcar e Caio Boucinhas. Outros participantes ainda estavam clandestinos como era o caso de Moacyr Villela que montou o filme com o nome de Rubens de Carvalho. Uma produtora de cinema – Spectrus – que pertencia ao medico Sergio Taufik, nos ajudou a financiar os custos, mas todos trabalharam voluntariamente e gratuitamente como câmeras, som, etc. O arquiteto Walter Ono fez a animação inicial da apresentação. A má qualidade do som e o desbotamento das cores não impedem de perceber a dimensão dessa urbanização capitalista periférica. Loteamento Clandestino - Ermínia Maricato